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Área Ensino Superior e Ciência
Sede Argentina

Universidades impulsionam o desenvolvimento da inteligência artificial em empresas da América Latina

Um novo relatório regional revela como universidades e empresas da América Latina estão criando redes de colaboração em matéria de desenvolvimento em inteligência artificial (IA). A publicação faz parte da coleção Papéis do Observatório, promovida pelo Observatório de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI).

Sob o título “Inteligência artificial e vínculo universitário: um estudo qualitativo das modalidades de interação na América Latina”, Papéis do Observatório Nº 29 analisa cinco experiências nacionais — na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México — que mostram como estão sendo formadas alianças para aplicar tecnologias de IA em setores como agricultura, saúde, logística e gestão de risco ambiental.

As universidades desempenham um papel fundamental na sua articulação com organizações externas ao setor acadêmico em projetos relacionados à inteligência artificial: definem agendas de P&D&I (pesquisa, desenvolvimento e inovação) alinhadas à fase atual do desenvolvimento tecnológico; possuem capacidade para formar profissionais e usuários de tecnologias emergentes; por estarem inseridas no território, têm a capacidade institucional de canalizar demandas sociais e, ao mesmo tempo, contribuir para a formação da cidadania digital; além disso, integram redes de colaboração e intercâmbio em nível local, regional, nacional e internacional. No atual contexto de automatização dos processos produtivos — já próximo da nova fase denominada “revolução 5.0”, cujo foco está no fator humano e no desenvolvimento de capacidades em sua interação e integração com as novas tecnologias —, entende-se a universidade como um agente facilitador das mudanças e transições rumo aos novos horizontes propostos pelos constantes processos de inovação tecnológica.

O caso argentino foca no ecossistema AgTech, com ênfase na digitalização do controle produtivo da pecuária. A empresa Caravan Tech, associada ao laboratório TLab da Universidade Nacional do Litoral, articula-se com grupos de pesquisa e desenvolve soluções de inteligência artificial para o monitoramento pecuário, em parceria com produtores de diversos países.

O caso brasileiro destaca o Instituto BIOS da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que promove soluções de IA aplicadas à saúde, agricultura e meio ambiente. Por meio do repositório aberto ReBIOS e em parceria com centros meteorológicos, cooperativas agrícolas e hospitais, essas soluções articulam modelos preditivos que combinam ciência de dados com desenvolvimento territorial.

No Chile, o Centro Nacional de Inteligência Artificial (CENIA) lidera um projeto para detectar ervas daninhas por meio de IA em plantações de trigo, arroz e legumes. Em colaboração com universidades e mais de 300 agricultores, o sistema automatizado busca reduzir o uso de herbicidas e melhorar o rendimento agrícola. Atualmente, ele está em fase experimental.

O caso colombiano destaca a articulação entre a empresa Guane Emerging Technologies e a Universidade Nacional de Antioquia. Neste contexto, foi desenvolvido um sistema de automação de processos logísticos por meio da IA. Embora não se trate de uma spin-off, o projeto envolve o setor acadêmico por meio de estágios, cooperação e um projeto formativo integrado.

No México, um grupo do Instituto Tecnológico Superior dos Rios desenvolve um sistema para detectar zonas de risco de inundação em municípios do sudeste do país, utilizando imagens de satélite e algoritmos de IA. Também participam o TecNM Campus Tuxtla e atores locais, em uma iniciativa que busca gerar mapas de risco acessíveis.

Papéis do Observatório Nº 29 está disponível para download aqui.

Publicado em 31 Jul. 2025