CILPE 2022: bilinguismo de português e espanhol é pauta necessária na comunicaçao global
Atual e oportuno debate sobre os valores e potencialidades do português e do espanhol estiveram no centro das primeiras discussões da 2ª CILPE – Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola, que começou nesta quarta-feira (16), no Brasil, impulsionada pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) e o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Sob os olhares atentos de uma plateia presencial e virtual, a manhã desta quarta-feira foi marcada pela abertura da 2ª Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola “Línguas, Cultura, Ciência e Inovação” (CILPE 2022), organizado pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI).
“A CILPE é um ponto de chegada e um ponto de partida. Aqui vamos juntos desenhar estratégias conjuntas para abrir oportunidades de diálogos eficientes entre as nações e estabelecer conexões sólidas entre as nações para potencializar cada vez mais a riqueza e a diversidade cultural”, afirmou Mariano Jabonero, secretário-geral da OEI, que destacou ainda a importância das outras línguas indígenas naturais de países ibero-americanos.
Destacando a importância para o Brasil sediar um evento desta proporção, o secretário de Comunicação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores no Brasil (MRE), Leonardo Luís Gorgulho Nogueira Fernandes, celebrou a oportunidade de trazer para a opinião pública um debate acerca das estratégias de comunicação entre os países que falam português e espanhol.
“Precisamos estabelecer formas de nos comunicarmos com diferentes povos que têm as mesmas paixões e afinidades culturais, por isso consideramos esta pauta tão atual e oportuna para o Brasil. Ser sede de um debate tão necessário nos faz agentes vetores das políticas de promoção do bilinguismo para o mundo”, destacou,
Dando continuidade à primeira etapa do encontro, Augusto Santos Silva, ministro de Negócios Estrangeiros de Portugal, destacou indicadores globais que apontam as línguas portuguesa a espanhola como as mais faladas do mundo. “Os dois idiomas têm potencial para crescer ainda mais neste século. Hoje eles estão presentes nas conversas cotidianas de mais de 850 milhões de pessoas no mundo e têm grande influência global para as artes, cultura, política, economia e negócios entre os países. Por isso, é fundamental estabelecer metodologias geoestratégicas para projeção do bilinguismo global”, pontuou.
Em seguida, Zacarias Albano da Costa, secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPL), salientou que iniciativas como a CILPE não apenas incentivam, mas também fortalecem a relação entre os povos, resultando em parcerias institucionais sólidas ambiciosas e eficazes. “A língua de um povo é um patrimônio e o fomento à projetos, políticas e programas que disseminem os idiomas no mundo e proporcionam vínculos fortes e acesso ao saber e ao conhecimento, promovendo desenvolvimento de forma sustentável e a paz entre os povos”.
Ainda na sessão de abertura, Marcos Pinta Gama, secretário-geral adjunto Ibero-Americano (SEGIB), enfatizou a língua como um bem de valor incalculável. “Estamos falando de mais de 200 mil palavras. Isso em termos de quantidade. Falando em qualidade, podemos dizer que as línguas são verdadeiras matérias primas para obras literárias, músicas, reportagens, contação de histórias que se perpetuam por gerações e se transformam em conhecimento, criam identidades próprias e aproximam as pessoas”.
Diretamente de Lisboa, António Carlos Secchin, membro da Academia Brasileira de Letras, destacou a riqueza literária de João Cabral de Melo Neto e celebrou a importância da trajetória literária do escritor para a riqueza cultural do povo brasileiro. “Na carreira diplomática, a primeira função de João Cabral de Melo neto foi em Barcelona, na Espanha, e desde então criou fortes vínculos como a cultura espanhola”, informou.
Ainda na primeira fase do evento, o secretário de Comunicação e Cultura do Brasil, ao lado do secretário geral da OEI, lançou a Biblioteca Básica de Literatura Brasileira, que reúne obras premiadas de importantes autores da língua portuguesa, como Fernando Pessoa.
Podem descarregar as fotografias da CILPE 2022 aqui e usar com © OEI
Organização
A CILPE 2022 tem como tema “Línguas, Cultura, Ciência e Inovação” e será desenvolvida em três eixos principais de trabalho. O primeiro deles – Ciência Plurilinge – coordenado por Gilvan Müller Oliveira (UFSC, Brasil), abordará as línguas utilizadas como fonte de produção científica nos sistemas de ensino superior, e como o português e o espanhol se situam nesse panorama, bem como que tipos de planejamento são recomendados para a produção científica em benefício dos povos falantes de português e espanhol.
O segundo eixo de trabalho – Línguas, Tecnologia e Inovação – coordenado por António Branco, da Universidade de Lisboa – vai tratar da questão dos avanços tecnológicos e sobre como as línguas portuguesa e espanhola enfrentam a atual revolução científica e tecnológica.
Com a coordenação do consultor Andrés Gribnicow, da Argentina, o terceiro eixo – Cultura, Diversidade e Inovação – vai discutir como a relação da cultura com o desenvolvimento, buscando identificar os novos hábitos de criação, produção e participação cultural de países Ibero-americanos.
Em formato híbrido, a 2ª CILPE terá participações remotas transmitidas de diversas regiões da Ibero-américa e que poderão ser acompanhadas pelo público em tempo real no Youtube.
A 2ª CILPE é realizada pela OEI, em parceria com o MRE brasileiro, país anfitrião. O encontro também conta com o apoio da Comissão Organizadora a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB). do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), o Camões, do Instituto da Cooperação e da Língua. I.P e do o Instituto Cervantes.