OEI sugere a formação de parcerias para a sustentabilidade de museus
É muito mais caro não investir na cultura. Estudo da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) mostra a grande contribuição da cultura para o desenvolvimento econômico e social em todos os 23 países da região. No Brasil, cerca de um milhão de empregos diretos e uma contribuição para o PIB que varia, dependendo da metodologia, de 2,6% a 3,11% do PIB. Na região ibero-americana, 2% e 4% do PIB. Leis Federal, estaduais e municipais de incentivo à cultura são instrumentos-chave para auxiliar na sustentabilidade de museus no Brasil.
“A fim de incentivar a itinerância e consolidar as parcerias com outras instituições culturais, acredito que o desenvolvimento de editais de coprodução expográfica dentro do Brasil e da região ibero-americana teria um efeito bastante interessante”, falou Raphael Callou, diretor do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) e diretor da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI), no painel Caminhos para a sustentabilidade econômica, durante a Conferência Ibero-americana de Museus e Sustentabilidade: Ferramentas, Práticas e Estratégias, hoje, em Brasília.
O painel explorou as estratégias eficazes para garantir a viabilidade econômica dos museus, abordando planejamento de longo prazo, gestão eficiente de recursos e geração de renda própria. Diferentes modelos e abordagens para diversificar a receita também foram examinados, incluindo modelos de gestão, alianças, colaborações estratégicas e cooperação. Além de Callou, participaram do painel Maria Emilia Sales, coordenadora de Comunicação e Extensão do Museu Paraense Emílio Goeldi (Brasil) e Arturo Gonzalez, diretor geral do Museu do Deserto (México), com a moderação de Adna Teixeira, coordenadora de Financiamento e Desenvolvimento do Departamento de Difusão, Promoção e Economia do Ibram.
Em seu segundo e último dia, a Conferência abordou as oportunidades e desafios na incorporação da sustentabilidade da gestão por evidências. Um total de 27 experiências museológicas de destaque participaram, de 15 países ibero-americanos que representam casos exemplares no campo da sustentabilidade, abordando aspectos como eficiência energética, gestão de resíduos, cultura de preservação do patrimônio e compromisso da comunidade.
A representante do Museu Goeldi, Maria Emilia Sales, destacou “a profunda ligação do museu com as pessoas”, além de compartilhar as ações alternativas que desenvolveram para enfrentar as dificuldades financeiras, como associação de amigos, acordos de cooperação com organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) e Não Governamentais (ONGs), fundação de apoio e editais públicos, entre outros.
No caso mexicano, Gonzalez destacou que o principal atrativo do Museu do Deserto, é ser um museu de história natural. Informou que são autosuficientes, destacando, porém, o impacto negativo na visitação durante a pandemia do Covid-19, quando o equipamento cultural fechou por quatro meses.
Callou destacou as leis Federal, estadual e municipal de incentivo à cultura como responsáveis por grande parte da sustentabilidade do Museu de Arte do Rio, além dos aportes da própria OEI, registrando uma média de investimento nos últimos três anos de cerca de R$45 milhões. “Há uma lei de incentivo federal à cultura no Brasil que é muito importante. A cultura tem um custo. Mas é muito mais caro não investir na cultura. Essa é uma tese que defendemos. Um estudo que fizemos em parceria com a Cepal mostra a grande contribuição de todos os setores ligados à cultura para o desenvolvimento econômico e social com a inclusão produtiva em todos os 23 países da região ibero-americana. No Brasil, são cerca de um milhão de empregos diretos e uma contribuição para o PIB que varia, dependendo da metodologia, de 2,6% a 3,11% do PIB. Na região ibero-americana, 2% e 4% do PIB”, informou.
Promovida pela Ibermuseus, Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Sistema Brasileiro de Museus e Ministério da Cultura, a conferência segue até hoje no SESI-Lab Brasil, em Brasília.