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Institucional/OEI

Políticas de Estado protegem países contra avanço do autoritarismo, defendem palestrantes

Políticas de Estado protegem países contra avanço do autoritarismo, defendem palestrantes

22 de julho de 2024

Brasil

Agentes do governo brasileiro e autoridades internacionais defenderam a presença estatal nas economias dos países em desenvolvimento como meio de proteção à democracia. O acesso ao financiamento também foi apontado como desafio.

A defesa da presença do Estado na adoção de políticas econômicas e sociais marcou a abertura do States of The Future, evento paralelo do G20. A ex-presidente do Chile e ex-alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, salientou que a presença estatal é especialmente importante num cenário em que governos autoritários ganham força.  

Além disso, os palestrantes ressaltaram a importância do acesso ao financiamento pelos países em desenvolvimento para garantir uma reconfiguração industrial.  

“A democracia está falhando ao não produzir o resultado esperado. Há uma perda da confiança nas instituições democráticas. Cada vez mais cresce o número de pessoas que, mais do que um governo democrático, querem um governo autoritário”, afirmou Bachelet, acrescentando ser preocupante assistir o crescimento da extrema direita.  

Entre as soluções apontadas por ela está a criação de um sistema de financiamento de cunho internacional. “Precisamos trabalhar numa arquitetura financeira global mais efetiva, que possa responder às necessidades”, disse a ex-presidente do Chile.  

No mesmo sentido, a ex-presidente do Brasil e presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, argumentou que o desafio do financiamento está no cerne do enfrentamento das crises atuais, inclusive climática, e do desenvolvimento sustentável.  

“As condições globais de financiamento, além de reduzidas, são proibitivas devido às taxas de juros e risco cambial elevados praticados nas economias centrais”, disse Rousseff.  

Em sua opinião, o peso da dívida pública nos países em desenvolvimento são um obstáculo para o crescimento. Os pagamentos de juros nesses Estados têm aumentado mais rapidamente do que os gastos públicos em saúde, educação e investimentos, na última década.  

A presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento defende que todos os países tenham seus próprios bancos de desenvolvimento, que devem atuar em parceria com bancos nacionais e multilaterais de desenvolvimento.  

No Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem trabalhado para reduzir o custo da dívida. Segundo o presidente do banco, Aloizio Mercadante, o Estado precisa definir políticas de enfrentamento da emergência climática e de reconstrução das economias. Para isso, ele defende a retração da disputa comercial entre os países.  

“Precisamos também de novos instrumentos. Temos o Fundo da Amazônia, que é fundamental. Batemos recorde de desembolso neste ano. Hoje, assinarei mais parcerias para o Fundo Amazônia”, ressaltou o presidente do banco. “Precisamos fazer mais e com mais rapidez. Há um déficit de recursos globais para o enfrentamento da calamidade climática, que vai de US$ 4 trilhões a US$ 7 trilhões”, complementou.  

Mercadante ainda afirmou que 73% das medidas de política industrial nesse período de reconfiguração do comércio internacional partiram da China, Estados Unidos e União Europeia, que respondem por dois terços do setor em todo mundo. “As medidas são de protecionismo comercial crescente, subsídios, política de compras governamentais e todo tipo de barreira”, disse.  

 

Política de governo 

Para a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, “o Estado voltou à moda”. “Sabemos que, na verdade, ele nunca saiu de cena, muito menos nos países que mais favoreceram externamente a agenda de seu enfraquecimento. O fato, porém, é que os parâmetros do debate sobre seu papel mudaram com relação à virada do século passado”, afirmou a ministra.  

Assim como Bachelet, Dweck, acredita que em alguns setores ainda haja uma retórica anti-Estado, muitas vezes articulada a ataques à democracia. A retração de políticas explica parte das crises atuais, nas esferas econômica, política, ambiental, sanitária e geopolítica.  

“Temos dois desafios importantes pela frente. O primeiro é disputar os rumos desse debate, para que resulte no fortalecimento concreto das capacidades estatais, principalmente nos países em desenvolvimento, e para que seja sustentado no tempo, transcendendo as respostas à crise no momento”, afirmou a ministra.  

O segundo desafio “é reimaginar o desenho das capacidades estatais necessárias para o enfrentamento dos novos desafios contemporâneos e emergentes”, acrescentou.  

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, ainda acrescentou que, o Estado de um futuro próximo deve ser, sobretudo, inclusivo.  “Ninguém mais deve estar passando fome e a pele não deve ser determinante para decidir se a pessoa viverá ou não, se terá moradia digna, acesso à educação, segurança ambiental e climática ou não”, disse Franco.  

O States of The Future é realizado pelos ministérios da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), das Relações Exteriores (MRE), do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A organização é da Maranta e da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI). Apoiam o States of the Future a Open Society Foundations e a República.org. 

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