Começou, em Assunção, a 3ª edição da CILPE, conferência que reivindica o potencial do espanhol e do português no mundo
Durante a cerimónia de abertura, foi lançado o Prémio Bartomeu Meliá, que reconhecerá a interculturalidade e o multilinguismo nas escolas de Argentina, Brasil, Bolívia e Paraguai, e Cabo Verde foi anunciado como a sede da próxima Conferência.
A 3ª Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE), promovida pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e pelo governo do Paraguai, teve início esta terça-feira, 23 de maio, em Assunção, cidade-anfitirã desta edição. A conferência, declarada pelo governo paraguaio como de “interesse nacional”, decorre até quarta-feira, 24 de maio, e pode ser seguida via streaming em espanhol, português e guarani.
Com o tema “Línguas, Educação, Comunicação e Diversidade”, a conferência reúne, na capital paraguaia, cerca de 50 especialistas e autoridades de 13 países ibero-americanos num dos maiores encontros de reflexão e análise sobre a realidade e o potencial destas línguas que constituem uma comunidade de 850 milhões de falantes no mundo.
Durante a cerimónia de abertura, o Secretário-Geral da OEI, Mariano Jabonero, agradeceu a calorosa receção paraguaia à conferência que, depois de Lisboa e Brasília, “se realiza, pela primeira vez, numa nação de língua espanhola e em três línguas simultaneamente”. Jabonero anunciou também que a próxima edição da CILPE terá lugar em Cabo Verde, em 2025, “um arquipélago da Macaronésia que, com os Açores e as Canárias, é uma parte importante da nossa comunidade, num oceano que, em vez de nos separar, é uma ponte que nos une”.
Por seu lado, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Paraguai, Raúl Silveira, felicitou a realização do evento no país, uma nação caracterizada “pela sua multiculturalidade e multilinguismo”, afirmou. “As línguas são formas de ver o mundo”, sublinhou, salientando ainda que “a proximidade das línguas espanhola e portuguesa, que se estão a afirmar a nível mundial, contribui para a integração dos países ibero-americanos”.
Ladisláa Alcaraz, ministra da Secretaria de Políticas Linguísticas, encorajou a “superação do monolinguismo das línguas dominantes”, ao mesmo tempo que sublinhou a importância de “valorizar as línguas nativas em prol da sobrevivência da diversidade linguística”, espírito desta edição da conferência com a inserção do guarani como língua de trabalho. “Com a integração desta doce língua que é o guarani, acho que estamos a fazer a capitalização do que temos vindo a aprender, do que temos vindo a trilhar com estas conferências d elíngua portuguesa e espanhola”, destacou, por seu lado, Germán García da Rosa, diretor da OEI no Paraguai.
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Prémio para o multilinguismo nas escolas
Jabonero aproveitou ainda para anunciar o lançamento do Prémio Ibero-americano de Educação Intercultural e Multilingue Bartomeu Melià, que visa promover ações educativas que reforcem a interculturalidade e o multilinguismo na Ibero-América, com foco especial nas línguas nativas.
Este prémio, no valor de 3 mil euros, será atribuído a escolas e organizações da sociedade civil e de educação não formal de Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai e é uma homenagem ao escritor, humanista e religioso maiorquino Bartomeu Melià, que se naturalizou paraguaio.
A necessidade de nos lermos
O dia de hoje continuará com as mesas redondas que constituem o primeiro eixo desta conferência, intitulado “Somos o que lemos”, que se centrará em iniciativas lançadas na região para promover a leitura, como “Leia na esquina”, no Brasil ou “IBERLECTURA”, coordenada pela OEI na Argentina, com a participação de figuras de renome, como o escritor, músico e ex-ministro da Cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio, e de importantes instituições, como o CERLALC, o Museu de Arte do Rio de Janeiro, o Plano Nacional de Leitura de Portugal e a Fundação Roa Bastos.
O segundo dia será dedicado ao papel das línguas espanhola e portuguesa na educação multicultural e na comunicação, áreas de grande relevância e nas quais ambas as línguas desempenham um papel decisivo na região ibero-americana. “Há que refletir sobre o que podemos fazer e como podemos ter uma comunicação mais democrática”, destacou Ana Paula Laborinho, diretora de Multilinguismo da OEI.