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Conferência em Lisboa comemora 500 anos da morte do humanista Antonio de Nebrija

Conferência em Lisboa comemora 500 anos da morte de Antonio de Nebrija
Publicado el 21 Dec. 2022

A Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), a Embaixada de Espanha em Portugal e o Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA-FCSH) organizaram, no âmbito das Comemorações do V Centenário da morte de António de Nebrija, a conferência “Nebrija: O Império das Línguas”, que teve lugar na NOVA FCSH.

Esta iniciativa contou com a intervenção de Darío Villanueva, membro da Comissão Interadministrativa Nacional V Centenário Nebrija e membro da Real Academia Espanhola, e a moderação de Maria Fernanda de Abreu, investigadora do NOVA-CHAM e membro da Real Academia Espanhola, além de Gabriela Gândara Terenas, coordenadora do Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas Modernas da NOVA-FCSH, e de Ana Paula Laborinho, diretora do Escritório da OEI em Portugal.

Estiveram na sessão cerca de 50 pessoas, nomeadamente representações diplomáticas, parceiros, académicos e alunos do Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas Modernas da NOVA-FCSH.

Darío Villanueva realçou o grande valor humanístico de Nebrija pelo reconhecimento, apoio e valorização da diversidade linguística. Referiu que o autor da primeira gramática castelhana, publicada em 1492, não foi o ideólogo de uma língua imperial espanhola, ideia muito difundida. A Foi, antes, o modelo para dezenas de gramáticas de línguas indígenas da América, tais como o aimara, quiché, cacique, guarani e quéchua, línguas ágrafas que passaram a ter um sistema de escrita. 

Ana Paula Laborinho agradeceu a presença de Darío Villanueva e sublinhou a relevância de celebrar os humanistas num tempo pós-humanista em que parece despontar um novo humanismo, mas também celebrar a diversidade linguística, essenciais na construção do conhecimento, sendo pioneiro o contributo de Nebrija. 

Antonio de Nebrija (1441-1522) foi o primeiro introdutor do humanismo renascentista italiano na Península Ibérica, desde o início da década de 1470. Além de autor da primeira gramática da língua castelhana, foi também ele que elaborou os primeiros dicionários de espanhol-latim e latim-espanhol que o tornaram famoso. Investigador incansável e homem talentoso, os seus campos de trabalho  não se limitaram à língua espanhola e às línguas clássicas (latim, grego e hebraico), tendo sido também tradutor, exegeta bíblico, professor, escritor, poeta, historiador, cronista régio, educador, impressor e editor. Os seus textos abordam áreas tão diversas como o direito, a medicina, a astronomia ou a pedagogia. O seu legado foi e é influente não apenas em Espanha, mas também na Europa e na América – as gramáticas europeias e a preservação das línguas indígenas ameríndias devem muito a Nebrija.

Nos anos de 2022 e 2023, celebra-se o V Centenário da sua morte. O “Ano Nebrija 2022”, que se desenrolará nestes dois anos, é um projeto plural promovido por diferentes instituições, com o objetivo de salientar a importância de divulgar e promover a figura de Nebrija tanto em Espanha como no resto do mundo.

Nebrija viveu em 18 cidades diferentes, e em todas elas haverá atividades para comemorar o V Centenário, assim como na capital espanhola, Madrid, e em muitas outras cidades do globo, como é o caso de Lisboa. Entre as atividades mais importantes previstas estão uma grande exposição na Biblioteca Nacional da Espanha (com uma parte replicável que será exibida noutros países através dos Institutos Cervantes), a publicação de livros, um romance sobre a sua vida, um longa-metragem e uma série documental em dois episódios para a televisão espanhola.

Publicado el 21 Dec. 2022