Impactos da guerra na Ucrânia foi o tema da segunda edição dos Encontros Ibero-americanos

A primeira sessão desta iniciativa decorreu na UAL, que reuniu, além do convidado dominicano, a especialista de Relações Internacionais, Raquel Patrício, docente da Universidade de Lisboa, e Daniel Cardoso, da UAL, que moderou a mesa-redonda. Este encontro dirigiu-se a um público predominantemente académico que participou no debate.

No dia 22, decorreu o pequeno-almoço de trabalho dirigido a um público restrito que debateu o tema de acordo com a regra Chatam House, com participação de membros do corpo diplomático, de organizações internacionais, de associações sindicais e empresariais, académicos e jornalistas.

As duas sessões abordaram a forma como a guerra na Ucrânia afeta a região da América Latina, nomeadamente no que toca às questões económicas e aos equilíbrios geopolíticos que se desenham, num mundo multipolar, e ainda os desafios demográficos e tecnológicos enquanto condicionantes que determinam a qualidade das lideranças e do seu compromisso com as sociedades.

Por outro lado, a guerra na Ucrânia torna mais sombrias as perspetivas económicas para a América Latina devido aos efeitos que terá sobre os preços das matérias-primas, alimentos e energia, somados à pressão inflacionista herdada da COVID-19. Estes fatores combinados gerarão uma crise de proporções nunca vistas desde a Segunda Guerra Mundial.

De acordo com a Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas (CEPAL), haverá mais inflação, o que terá um impacto negativo na taxa de crescimento da América Latina. Os resultados relativos ao reduzido desempenho económico esperado para 2022 e uma inflação crescente geram um contexto adverso para as condições de vida da população e para a sua possibilidade de adquirir bens e serviços essenciais.

Também o Relatório Macroeconómico do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a América Latina e Caraíbas de 2022, refere que a invasão russa da Ucrânia, juntamente com o aumento das taxas de juro, deverá reduzir o crescimento na América Latina e Caraíbas em 2022-2024, salientando a urgência de adotar políticas para impulsionar um crescimento mais elevado e mais inclusivo na região. Segundo este relatório, o crescimento na América Latina abrandaria de 2,1% para 1,2% em 2022, passando em 2023 para -0,4%, em vez de 2,4%, e recuperaria em 2024 para 1,3%, em vez de 2,2%, uma vez que o PIB irá aumentar.

Os Encontros Ibero-americanos, lançados pela OEI, têm como objetivo promover um maior conhecimento sobre a região ibero-americana e o reforço de parcerias, numa lógica de diplomacia pública Nesse contexto, foi criada a Cátedra de Estudos Ibero-americanos, em parceria com a UAL e o Centro de Investigação OBSERVARE, de forma a estimular a produção científica sobre temas da região, congregar conhecimento e fomentar a mobilidade e contacto entre especialistas dos temas ibero-americanos.

A Comissão Científica destes Encontros é composta por Nancy Gomes e Filipe Vasconcelos Romão (Universidade Autónoma de Lisboa – UAL), Andrés Malamud (Instituto de Ciências Sociais – Universidade de Lisboa) e Carmen Fonseca (Instituto Português de Relações Internacionais – Universidade Nova de Lisboa).

Iván Gatón é embaixador de carreira do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MIREX), é atualmente membro da Direção da Comissão Nacional de Defesa da Concorrência (PROCOMPETENCIA). Licenciado em Direito com Mestrado em Estudos Diplomáticos (Summa Cum Laude) e Diploma de Estudos Avançados (DEA) da Universidade Complutense de Madrid, Espanha, tem também um mestrado em Ciências Sociais, Assuntos Asiáticos, da Universidade de Tamkang, Taiwan. É atualmente aluno de doutoramento em Estudos Avançados em Direitos Humanos na Universidad Carlos III de Madrid, Espanha.