OEI explora intercompreensão linguística com estudantes de escola de Óbidos

No âmbito do Festival Literário Internacional de Óbidos (FÓLIO), estudantes de ensino secundário da Escola Josefa D’Óbidos participaram numa sessão de fomento da intercompreensão linguística.
Na quarta-feira, 15 de outubro, a Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) organizou uma sessão dedicada ao multilinguismo no Agrupamento de Escolas Josefa d’Óbidos, que tem cerca de 200 alunos estrangeiros de 37 nacionalidades. Estudantes de ensino secundário exploraram as possibilidades de intercompreensão entre línguas da mesma família, mostrando que as línguas não são barreiras.
Durante a dinâmica, conduzida pela professora Helena Araújo e Sá, consultora científica do projeto Escolas Bilíngues e Interculturais de Fronteira (EBIF) da OEI, os alunos e alunas foram desafiados a responder a perguntas sobre Óbidos. Estas questões foram elaboradas em idiomas próximos ou variantes de português como espanhol, francês, romeno, catalão, crioulo de Cabo Verde, mirandês. Também se explorou o reconhecimento do significado de palavras de origem bantu ou utilizadas no Brasil. O objetivo foi provar que é possível compreendermo-nos uns aos outros nas nossas línguas maternas sem que tenhamos de recorrer a um idioma intermediário.
Este agrupamento de escolas tem vindo a integrar vários estudantes migrantes, sendo um contexto marcado pela diversidade de culturas e línguas. Com esta atividade, os jovens puderam entender a importância de podermos falar as nossas línguas maternas para nos podermos expressar e estar mais perto das nossas identidades culturais.
Construir muros que unem
Durante a tarde, a Casa José Saramago, o espaço da Biblioteca Municipal de Óbidos, acolheu a conversa “Muros que unem: fronteiras entre línguas e culturas”. O painel contou com Ana Paula Laborinho, diretora-geral de Multilinguismo da OEI, Ana Sofia Godinho, vereadora do município de Óbidos, Helena Araújo e Sá, Raquel Carinha, professora e investigadora da área das línguas, José Santos, diretor da Escola Josefa d’Óbidos, e Lina Varela, da Direção-Geral de Educação (DGE).
Os oradores destacaram a importância das políticas de inclusão do município e do acompanhamento da escola na inclusão de famílias migrantes, facilitando aulas de português como língua não-materna para estudantes e cursos de português para as famílias. A DGE apresentou algumas indicações incluídas no relatório Inclusão de Alunos Migrantes em Meio Educativo, recomendando, entre outras coisas, uma integração progressiva no currículo para alunos com conhecimento nulo ou básico da língua portuguesa, começando por atividades mais práticas e artísticas.
Também foram destacadas experiências escolares de inclusão linguística através da criação de histórias com alunos de outros países e, para além disso, a audiência teve a oportunidade de conhecer melhor o projeto EBIF através de um vídeo com entrevistas a docentes do projeto e ver um excerto do documentário Vozes das Margens, que relata a experiência sociolinguística dos cidadãos uruguaios que vivem nas zonas fronteiriças com o Brasil e são falantes de portunhol.