“Para que as crianças sintam que as diferenças nos unem”: Escolas de Fronteira encerram ano letivo em Bragança

Ao longo de duas sessões, docentes participantes do PEBIF apresentaram e expuseram trabalhos criados com alunos e alunas dos territórios da raia. Sublinharam o desafio que é “superar distâncias geográficas, diferentes idiomas e sistemas educativos diferentes” com o objetivo de que as “crianças vejam, mas sobretudo sintam que as diferenças nos unem.” Os docentes mostraram que não se trata de mais um projeto, mas de uma abordagem transversal a todo o currículo que envolve toda a comunidade educativa, incluindo as famílias.

Ana Paula Laborinho, diretora-geral de Multilinguismo da OEI, referiu nestes cinco anos de vida do projeto, se tem procurado “inovar neste projeto”, encontrando novas formas de o fazer chegar e adaptar aos territórios. Javier Magdaleno, da Consejeria de Educación de Castilla y Léon, acrescentou que este é “um projeto que se reinventa a cada ano.” Francisco Amaya, conselheiro de Educação da Embaixada de Espanha em Portugal, salientou, na sessão de abertura do encontro, o aumento do número de escolas envolvidas no PEBIF. Neste momento, estão estabelecidos 13 pares de escolas compostos por 51 centros educativos que alcançam 2306 alunos e 120 docentes. No primeiro ano, apenas existiam 16 escolas.

“Os nossos alunos são embaixadores da inclusão”, afirmou Eulália Rodrigues, subdiretora-geral da Educação da Direção-Geral da Educação (DGE) do Ministério da Educação, Ciência e Inovação. Paulo Xavier, presidente da Câmara Municipal de Bragança, descreveu o PEBIF como “uma rede que acredita na educação como ponto de partida para a democracia”, colocando os alunos “no centro do futuro que queremos construir.” Para Lucas Navareño, representante da Extremadura, o projeto liderado pela OEI é um “verdadeiro exemplo de como a educação pode ser uma ponte entre culturas”.

Filipa Soares, da Embaixada de Portugal em Espanha, sublinhou a importância das autoridades locais na organização destes encontros, mencionando também a crescente importância da aprendizagem do português em Espanha. Já Elena Castro Villalón, da Consejería de Educación da Galiza, elogiou o facto de o projeto ter sido destacado como boa prática pela União Europeia.

Escolas de fronteira, escolas sem fronteira

Durante o encontro, as formadoras do PEBIF, Helena Araújo e Sá, Viviane Ferreira Martins, María Matesanz del Barrio e Rosa Faneca, apresentaram a publicação Escolas de fronteira, escolas sem fronteira: partilhando línguas e culturas. Reúne experiências e práticas desenvolvidas por docentes e comunidades educativas envolvidas na edição 2021/2022.

O livro combina relatos na primeira pessoa dos protagonistas, com análises académicas que contextualizam o impacto do PEBIF como política educativa e linguística inovadora. Está disponível aqui.

Sobre as Escolas de Fronteira Portugal-Espanha

O PEBIF resulta de um memorando assinado entre os Ministérios da Educação de Portugal e Espanha. É coordenado pela OEI num esforço articulado entre a Direção-Geral da Educação do Ministério da Educação, Ciência e Inovação de Portugal e as comunidades autónomas da Galiza, Castilla y Léon, Extremadura e Andalucía.

A União Europeia destacou os resultados do projeto e reconheceu-o como um exemplo de boas-práticas de cooperação transfronteiriça. Da mesma forma, na última Cimeira Ibérica, que se realizou em Faro em outubro de 2024, os Governos de Portugal e Espanha reconheceram a importância do PEBIF no desenvolvimento dos territórios fronteiriços.

Ainda em 2024, Maria Isabel Guerra, docente do Agrupamento de Escolas Miguel Torga de Bragança, participante do PEBIF, acompanhou o Secretário-Geral da OEI, Mariano Jabonero, na receção do Prémio Princesa das Astúrias de Cooperação Internacional, em Oviedo, Espanha.