Rota dos Tambores do Atlântico, o novo projeto da OEI financiado pela Cooperação Portuguesa vai promover o diálogo intercultural e a inclusão entre África e América Latina
O objetivo do projeto é criar uma rota cultural assente em património imaterial partilhado entre África e América Latina, a partir da rota atlântica percorrida por instrumentos de percussão ancestrais, tendo em vista a promoção do desenvolvimento socioeconómico das comunidades e a valorização cultural e turística.
A ligação cultura e desenvolvimento é chave na criação da Rota dos Tambores do Atlântico (RTA), que inclui uma abordagem inovadora ao basear-se na utilização de um património imaterial ancestral como motor de desenvolvimento social. Para além disso, terá impacto nas carreiras dos músicos ligados ao instrumento e nas populações envolvidas. Reconstituindo o percurso da expansão transatlântica forçada, vamos recuar às origens das comunidades em África, com o objetivo de valorizar este património enquanto recurso de turismo cultural.
Numa fase inicial, Angola, Guiné-Bissau, Brasil e Colômbia serão os países envolvidos, a partir da tradição dos tambores tais como os Makupela, Djembe, Tina e Bombolom ou Marimba. Entre os objetivos específicos deste projeto procura-se reunir conhecimento, identificando estudos sobre a temática, e mapeando instrumentos, tradições e rituais, ritmos, festivais, redes, artistas e artesãos, criar redes e modelos de articulação entre instituições e nas comunidades, reforçar as possibilidades de acesso a rendimento, com um foco especial no empoderamento das mulheres nas regiões abrangidas, e criar pontes com operadores/gestores culturais, musicais e turísticos para construir oportunidades de expansão e de negócios, visando a futura sustentabilidade da Rota.
A cultura como veículo para o desenvolvimento
Segundo a UNESCO, o desenvolvimento sustentável depende de uma forte componente cultural e só uma abordagem ao desenvolvimento centrada no ser humano, baseada no respeito mútuo e no diálogo aberto entre culturas, pode conduzir a uma paz duradoura.
A OEI assume a função social da cultura como um bem público, como um elemento de integração, coesão e, mesmo, de reparação, além de um meio de desenvolvimento de competências e crescimento económico. A cooperação cultural promovida pela OEI é refletida em processos transversais, muitos dos quais permitem a intersetorialidade entre educação e cultura.
As Rotas e Itinerários Culturais é uma área de trabalho da OEI, com o programa homónimo, através do qual se constitui uma base operacional e dinâmica para valorizar o lugar do património como motor de desenvolvimento no domínio do turismo cultural, da criação de emprego e da transformação em zonas isoladas ou deprimidas.
As autoridades participantes no Fórum de Vice-Ministros e Altas Autoridades de Cultura, promovido pela OEI, em agosto de 2024, no Rio de Janeiro, recomendaram que a organização inicie um processo de certificação de rotas culturais ibero-americanas, assegurando uma lógica de sinergia e complementaridade com os ministérios da cultura e os programas IBER, a ser levado à próxima Cimeira de Chefes de Estado e de Governo.