A diversidade linguística: riqueza e valor democrático da Ibero-América

Aconteceu neste sábado o encontro “Diversidade Linguística e Multiculturalidade na Ibero-América”, uma das atividades do ciclo “Ibero-América, um livro aberto”, que faz parte da agenda cultural da 84ª Feira do Livro de Madri.
Com o objetivo de valorizar o multilinguismo na Ibero-América e oferecer novas oportunidades para promover o uso e a conservação das línguas indígenas da região, neste sábado, 7 de junho, foi realizado o debate “Diversidade linguística e multiculturalidade na Ibero-América”, no Pavilhão Ibero-Americano da Feira Internacional do Livro de Madri.
A atividade faz parte do ciclo “Iberoamérica, un libro abierto”, uma proposta programática que busca destacar o valor da Iberoamérica como potência literária e cultural e que é possível graças a uma aliança interinstitucional da qual faz parte a Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI).
Participaram desta atividade Mariano Jabonero, secretário-geral da OEI; Luis García Montero, diretor do Instituto Cervantes; Guillermo Escribano, diretor do Espanhol no Mundo do Ministério de Asuntos Estrangeiros, UE e Cooperação da Espanha; Iris de Brito, professora assistente convidada do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com moderação de Claudia Neira, diretora do Festival ‘Centroamérica Cuenta’.
“Há uma grande diversidade linguística na região e é muito complicado chegar a todas as línguas. Para isso, também é preciso ter recursos para sua transformação digital, pois é uma garantia de preservação e conservação em situações extremas”, apontou Mariano Jabonero. “As histórias do espanhol e do português são histórias de sucesso”, destacou Jabonero, ao mesmo tempo em que apontou que “é preciso reforçar as línguas indígenas e o bilinguismo nas escolas”, citando exemplos impulsionados pela OEI, como o projeto Escolas de Fronteira entre Espanha e Portugal.
“É preciso levar a sério a diversidade, porque é a base da democracia”, afirmou Luis García Montero. “A cultura em espanhol aprendeu muito cedo a conviver com a diversidade, como ficou revelado quando Andrés Bello elaborou sua gramática castelhana americana e nela defendeu o legado das línguas indígenas e a unidade da língua espanhola, na qual hoje se comunicam 600 milhões de pessoas”. “A Espanha tem que entender que é apenas 9% de uma comunidade em que compartilha diversidade e que uma língua majoritária não é necessariamente uma língua homogênea ou que rompe a diversidade”, enfatizou.
“É muito difícil separar a língua da cultura, porque a língua faz parte da identidade e da nossa riqueza”, afirmou, por sua vez, Iris de Brito. “O discurso é uma ferramenta de poder de soft power”, reivindicou, ao mesmo tempo que explicou que “na Nigéria conseguiram criar uma indústria cultural no cinema que hoje compete com Hollywood, talvez na Ibero-América possamos encontrar essa possibilidade”.
“A marca do espanhol é a sua diversidade”, referiu, por sua vez, Guillermo Escribano, para quem a diversidade linguística da Ibero-América é “muito importante”. “No próximo ano, comemora-se o 20º aniversário da Carta Cultural Ibero-Americana, que incide na preservação das línguas e que, a nível internacional e institucional, nos estabelece um roteiro”, destacou.
‘Lectura en movimiento’ em Madri
Mais cedo, e também como parte da programação cultural do ciclo, em diferentes pontos do emblemático Parque do Retiro, foi realizada a atividade “Lectura en movimiento” (Leitura em movimento), uma iniciativa do programa Iberlectura da OEI, que promove o hábito da leitura de forma itinerante e em locais públicos, que já foi realizada em Córdoba (Argentina), Cádiz (Espanha) e Lima (Peru), e que pela primeira vez se realiza na capital espanhola.
A atividade será repetida nos próximos dias 8, 14 e 15 de junho em diferentes monumentos e pontos destacados do parque, com leitura em voz alta de poemas e contos de autores ibero-americanos como Antonio Machado, Jorge Luis Borges ou Violeta Parra, entre outros.