América Latina aumenta seus investimentos em P&D, más continua a existir uma forte concentração em poucos países

Apenas cinco países concentram 88% do investimento em P&D na América Latina. Essa marcante heterogeneidade confere um papel fundamental à cooperação regional para impulsionar o desenvolvimento desses países.
Uma das características do investimento em P&D na América Latina e no Caribe é sua forte concentração em poucos países. Em 2023, o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) na ALC foi liderado pelo Brasil, que representou 62,5% do total regional. México e Argentina ficaram em torno de 10%, enquanto Chile e Colômbia alcançaram 3%. Os demais países da região representaram 12,5% do total.
Esses dados foram extraídos da compilação estatística disponível em El Estado de la Ciencia 2025, publicação anual da Rede Ibero-Americana de Indicadores de Ciência e Tecnologia (RICYT), coeditada pela Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) para a Educação, a Ciência e a Cultura — por meio de seu Observatório Ibero-Americano de Ciência, Tecnologia e Sociedade (OCTS), com sede em Buenos Aires, e a Unesco.
Recursos econômicos dedicados à P&D
Entre 2014 e 2023, a evolução do PIB da Ibero-América mostra uma tendência expansiva; no entanto, o investimento em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) seguiu uma trajetória diferente da atividade econômica geral. Após registrar uma queda sustentada desde 2015 — particularmente acentuada nos países da América Latina e do Caribe (ALC) —, o investimento em P&D começou a se recuperar a partir de 2020. No entanto, cresceu a um ritmo menor que o PIB, refletindo uma recuperação atrasada.
Uma das principais características do investimento em P&D na ALC é sua forte concentração em poucos países. Em 2023, o investimento realizado pelo Brasil representou 62,5% do total regional; México e Argentina ficaram em torno de 10%, enquanto Chile e Colômbia atingiram 3%. Os demais países da região representam 12% do total do bloco.
O investimento em P&D dos países da ALC representou 4,4% do total mundial. Embora essa participação seja ligeiramente superior à registrada em 2014, seu peso relativo continua sendo reduzido dentro do agregado global. Em 2023, o investimento em P&D do conjunto de países da ALC representou 0,60% do seu PIB. Apenas o Brasil e o Uruguai superaram o valor regional, com 1,19% e 0,71%, respectivamente, enquanto a Argentina se situa exatamente na média.
A análise da origem dos recursos econômicos destinados a atividades de P&D mostra que o setor governamental é a principal fonte de financiamento em nível regional e representa praticamente metade do investimento na maioria dos países.
Recursos humanos dedicados à P&D
Com um crescimento sustentado ano a ano, a evolução do total de pesquisadores da ALC representou +45% de ponta a ponta. Os dados sobre o número de pesquisadores medidos em equivalência a tempo integral (ETI) por cada mil membros da PEA mostram uma marcada heterogeneidade dentro da Ibero-América e uma lacuna significativa em relação às economias mais desenvolvidas.
Ao concentrar 74,2% dos pesquisadores ativos, as universidades demonstram seu papel central na P&D latino-americana.
A análise da proporção de mulheres em relação ao total de pesquisadores na região mostra que, na Argentina, Venezuela, Paraguai e Uruguai, as mulheres representam mais de 50% das pessoas dedicadas à pesquisa, situando-se acima da média da ALC (46%). Em contrapartida, sua participação é claramente minoritária nos casos do Peru e do Chile.
Indicadores de produto
O número de publicações indexadas no Scopus em 2023 e sua comparação com 2014 mostram que em quase todos os países ibero-americanos houve um crescimento na produção científica. Embora ainda apresentem volumes de produção comparativamente reduzidos, o Peru e o Equador registram os aumentos relativos mais significativos.
O número de pedidos de patentes PCT por país de origem em 2014 e 2023 reflete uma alta concentração da capacidade de patenteamento em poucos países e um baixo desenvolvimento regional em matéria de pedidos. A Ibero-América registrou 3.152 pedidos em 2014 e 2.908 em 2023.
A Espanha ocupa claramente o primeiro lugar, com um aumento de 1552 para 1771 pedidos, seguida pelo Brasil, que passa de 554 para 665. Portugal, Chile, México e Colômbia consolidam um grupo intermediário com volumes que oscilaram entre 132 e 260 pedidos. Os demais países apresentaram níveis significativamente menores, abaixo de 50 pedidos anuais na maioria dos casos.







