As mulheres conquistam espaço na ciência e na investigação na Ibero-América, mas com lacunas significativas ainda por resolver
Neste dia 11 de fevereiro, em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, a OEI salienta que as mulheres já atingiram a paridade nas equipas de investigação em países como a Argentina, Uruguai e Paraguai.
A Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) assinala que, embora os homens continuem a ser a maioria nas equipas de investigação na Ibero-América, as mulheres estão a ganhar terreno e já igualam ou excedem 50% em países como a Argentina e o Uruguai, e estão a aproximar-se da paridade em países como o Paraguai (49%) e a Costa Rica (45%).
Esta sexta-feira, 11 de fevereiro, no Dia das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado a nível internacional e proclamado pelas Nações Unidas desde 2016, são apresentados dados, extraídos do recente estudo O Estado da Ciência 2021, publicado em dezembro passado pelo Observatório da Ciência, Tecnologia e Sociedade da OEI.
A publicação centra-se nos principais indicadores científicos e tecnológicos da região, que mostram uma significativa diferença de género entre países. Assim, no México, Chile e Peru em 2019, apenas um em cada três investigadores era do sexo feminino. Em Espanha e El Salvador, o número ultrapassa ligeiramente os 40%, tendo em conta o total de investigadores.
O estudo mostra também que a investigação científica relacionada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 tem registado, em geral, um crescimento notável em todos os objetivos; contudo, no último período estudado (2016-2019), a investigação sobre o Objetivo 5, que trata da igualdade de género, tem sido a segunda com menor crescimento na América Latina e Caraíbas.
Por outro lado, o Relatório sobre género e ciência, publicado hoje pelo observatório e que se concentra em dados relacionados com o género, conclui que 44% dos investigadores na Ibero-América são mulheres. Salienta também que entre 2019 e 2020, 46% das publicações ibero-americanas na Scopus tinham autores do sexo feminino. Em Portugal e na Argentina, as mulheres participaram em mais de metade dos artigos. Por outro lado, na Nicarágua, Peru, Chile, Honduras, Costa Rica, México e Colômbia, participaram em menos de 40% do número total de publicações.
Ciência ibero-americana com género
Durante o ano 2021, a OEI lançou ações para aumentar a participação e a visibilidade das mulheres e das raparigas em projetos científicos e tecnológicos na região, beneficiando 175 cientistas ibero-americanas. Assim, a segunda edição da Noite Ibero-americana de Investigador@s, que se realizou em formato virtual no passado mês de setembro, contou com a presença de 70 mulheres cientistas, representando 47% do número total de oradoras participantes.
Por outro lado, o programa de reforço dos sistemas científicos e tecnológicos na Ibero-América (FORCYT), que a OEI desenvolve em conjunto com a União Europeia, apoiou com 20 mil euros, 10 redes de investigação constituídas por instituições Euro-Ibero-Americanas, 6 das quais são lideradas por mulheres e das quais fazem parte 91 mulheres investigadoras.
As bolsas Paulo Freire+, com as quais a OEI apoia jovens investigadores ibero-americanos a prosseguir estudos de doutoramento em universidades da região, beneficiaram 6 investigadoras do sexo feminino, metade do número total de beneficiários do programa.
Em Quito, no passado mês de julho, realizou-se o XIII Congresso Ibero-Americano de Ciência, Tecnologia e Género, uma reunião em que foram divulgados alguns dados, nomeadamente o facto de que, em 2020, 70% dos profissionais do setor da saúde e assistência social no mundo, relacionados com a pandemia, eram mulheres. Participaram mais de 570 oradores, foram apresentados mais de 198 trabalhos de investigação e o congresso foi seguido por mais de 56 mil pessoas, através da transmissão virtual em direto.