Ciclo de diálogos de mulheres especialistas em Madri debate desafios da mudança climática e transição energética

O ciclo busca contribuir de forma significativa para os debates globais, dando visibilidade às vozes de mulheres especialistas de diferentes disciplinas e setores, para que possam influenciar as decisões políticas.
Com o objetivo de dar visibilidade ao conhecimento, à experiência e à liderança das mulheres ibero-americanas em diversos temas, a Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) inaugurou hoje o ciclo de diálogos Mulheres Especialistas, Mulheres Decisoras.
O primeiro encontro, realizado na representação espanhola da Comissão Europeia em Madri, reuniu especialistas de diferentes disciplinas, representantes de instituições governamentais, organismos internacionais, centros de pesquisa, sociedade civil e setor privado para refletir sobre as mudanças climáticas e a transição energética, dois dos desafios prioritários da agenda política global atual.
O diálogo faz parte das atividades desenvolvidas pelo Programa Ibero-Americano de Educação em Direitos Humanos, Democracia e Igualdade da OEI, e no âmbito da plataforma “Vozes de Mulheres Ibero-Americanas”, promovida pela OEI e pela Universidad Carlos III de Madrid desde 2024. Além disso, o encontro foi uma oportunidade para apresentar o projeto Energytran, liderado pela OEI e financiado pela União Europeia, que visa contribuir para a elaboração de políticas públicas em matéria de transformação digital de forma limpa, justa e sustentável para a Europa e a América Latina.
No início do diálogo, destacou-se que as mulheres, especialmente aquelas que vivem em áreas rurais, indígenas ou em contextos de vulnerabilidade, são as que mais sofrem os efeitos das mudanças climáticas e, no entanto, continuam sub-representadas nos espaços de decisão e planejamento. Qualquer fórum ou cúpula internacional mostra a sub-representação das mulheres. As mulheres representam apenas 27% dos parlamentos do mundo e apenas 25 mulheres são chefes de Estado. “É verdade que melhoramos em matéria de paridade, mas não basta a política da presença, a participação política e econômica deve ser mais substantiva”, assinalou Irune Aguirrezabal, diretora do Programa de Educação em Direitos Humanos, Democracia e Igualdade da OEI.
Por sua vez, Cristina Gallach, Secretary of the Board of GWL Voices e ex-alta comissária para a Agenda 2030 da Espanha, ressaltou que “a voz das mulheres é imprescindível, já que essa voz gera uma ação transformadora”. Também apontou que “o desenvolvimento só funcionará se tiver a voz das mulheres”, em referência à 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento das Nações Unidas, que se realizará em Sevilha na próxima semana, e à necessidade de que o encontro possa incidir no desenvolvimento de orçamentos específicos que atendam às necessidades das mulheres.
Transição energética, com destaque feminino
Durante o diálogo, destacou-se a urgência de integrar o conhecimento tradicional, a ciência e a inovação com uma perspectiva de igualdade. As mulheres representam apenas um terço dos pesquisadores em todo o mundo e menos de 25% dos cargos de liderança em ciência e tecnologia, o que limita sua capacidade de influenciar soluções sustentáveis para a crise climática.
Diante desse panorama, as participantes concordaram com a necessidade de impulsionar políticas públicas que promovam a participação de mulheres na transição energética, reconhecendo suas contribuições, combatendo as lacunas estruturais e integrando uma perspectiva de justiça social, ambiental e de gênero.
Participaram do diálogo Noemí Sogari, diretora do Grupo de Investigación, Desarrollo y Transferencia de Energías Sustentables y del Medio Ambiente – Energytran/UNNE e participante do projeto ‘Energytran’; Ana Barreira, diretora fundadora do Instituto Internacional de Derecho y Medio Ambiente – IIDMA, e Cristina Moral, Senior Analyst Climate Policies and International Alliances da Iberdrola.
Também teve a participação de Ana Capilla, diretora-geral de Ensino Superior e Ciência da OEI; Clara Sainz de Baranda, diretora do departamento de Comunicação da UC3M; Eva Saldaña, diretora executiva da Greenpeace Espanha; Gabriela Eguidazu, Innovation for Inclusive Growth Director da Fundação Microfinanças BBVA; e Elsa Velasco, coordenadora do Euroclima da FIAP.
Com este diálogo, a OEI pretende contribuir de forma significativa para os debates globais, como a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) – na qual tem um papel de destaque como coorganizadora -, dando voz a mulheres especialistas, com o objetivo de que os temas abordados, bem como as decisões tomadas nesses espaços, sejam adotados de forma paritária.