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CILPE 2025 analisa o papel do português e do espanhol na era digital e destaca experiências de educação multilingue na ibero-américa

“As línguas espanhola e portuguesa são indispensáveis para o futuro, o conhecimento, o progresso e a paz”, concordam os especialistas que participam no evento.

Nesta quarta-feira, o auditório do Centro de Convenções da Universidade de Cabo Verde, na Praia, acolheu a segunda jornada da IV Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE). Com foco na necessidade de continuar a impulsionar a cooperação entre as duas línguas em áreas como a tecnologia ou a educação, e de enfrentar em conjunto desafios como os fluxos migratórios, os especialistas concordaram em sublinhar a importância do espanhol e do português como línguas globais, indispensáveis para o desenvolvimento sustentável do mundo.

A jornada começou com o painel temático “Línguas, mobilidade, cooperação”, no qual participaram Guillermo López Gallego, subdiretor-geral de Promoção do Espanhol no Mundo (Espanha); Cristina Alfonzo de Tovar, da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria (Espanha); Patrícia Nheu Quaresma, do Instituto Português do Oriente de Macau (RPC); e Karina Sullón Acosta, da Universidade Nacional Maior de San Marcos (Peru). A sessão foi moderada por Edleise Mendes, da Universidade Federal da Bahia (Brasil).

Em seguida, ocorreu o painel “Línguas, educação e tecnologias digitais”, focado em temas como as linguagens digitais em contextos educativos ou a comunicação clara, no qual participaram Renato Opertti, do Conselho Assessor da OEI; María Moya, do Prodigioso Volcán (Espanha); Rui Vaz, do Camões, I.P. (Portugal); e Ana Salgado, da Universidade do Porto, e da Academia das Ciências de Lisboa (Portugal). A moderação ficou a cargo de Karina Gomes, do Instituto Guimarães Rosa (Brasil).

Boas práticas para impulsionar a educação multilingue

A sessão destacou projetos bem-sucedidos na promoção do multilinguismo nas salas de aula da região. Assim, por exemplo, foi lançada oficialmente a aplicação «OEI Lenguas», que permite a aprendizagem da língua quíchua-collao de uma forma lúdica. A aplicação já está disponível nas lojas digitais para download gratuito e, na sua fase piloto, teve impacto em mais de 5 mil estudantes de Cusco e Puno.

Também foi destacado o projeto Escolas de Fronteira, uma iniciativa da OEI em conjunto com as autoridades educativas de Espanha e Portugal, que em 2025 já conta com 13 pares de escolas — integradas por 51 centros educativos — e beneficia mais de 2.300 alunos e 120 professores. O programa começou em 2016 com apenas 16 centros participantes, consolida-se hoje como um exemplo de cooperação educativa e de promoção do bilinguismo no espaço ibérico.

Da mesma forma, foi valorizado o projeto “Dicionário Falante de Línguas Indígenas”, impulsionado pela Universidade Nacional do México em parceria com outras instituições educativas mexicanas e peruanas, e com financiamento da OEI através do seu programa de “fundos concursáveis”, que desenvolve uma plataforma digital para a preservação do acervo linguístico das línguas indígenas no México e no Peru.

O projeto «Cruzando Fronteiras», desenvolvido pela OEI nas fronteiras do Brasil e dos países de língua espanhola que o rodeiam para promover a aprendizagem da língua espanhola e portuguesa, também foi destacado na sessão. No mesmo painel, foi apresentado o projeto «kriOI(u). Modelos linguísticos em grande escala”, liderado pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e pela Universidade de Cabo Verde para promover o estudo do crioulo cabo-verdiano, entre outros projetos.

Esta sessão contou com as intervenções de Gilvan Müller de Oliveira, da Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil); Patricia Alcaide, da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria (Espanha); Javier Magdaleno, da Secretaria de Educação de Castela e Leão (Espanha); Gerardo Sierra, da UNAM (México); Dominika Swolkien, da Universidade de Cabo Verde; José Miguel Dias e António Raimundo, do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (Portugal), e Edleise Mendes, da Universidade Federal da Bahia (Brasil).

Desde 2019, a OEI organiza esta conferência para promover a cooperação entre as línguas espanhola e portuguesa, assim como as línguas indígenas ibero-americanas, com especial atenção a ferramentas como a IA ou a desafios comuns, como a presença delas na ciência, o seu peso geopolítico ou no mundo das comunicações.

Publicado em 12 Nov. 2025