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Área Multilinguismo
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Português e espanhol reivindicados como motores de desenvolvimento e conhecimento na CILPE 2025

Temas como cooperação internacional, impactos da inteligência artificial, valor económico das línguas ou educação intercultural estiveram no centro do debate.

Esta terça-feira terminou o primeiro dia da IV Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE), que teve lugar no campus do Palmarejo da Universidade de Cabo Verde. A conferência, cujo lema é “Multilinguismo, cidadania, interculturalidade”, reuniu no arquipélago africano mais de 70 especialistas para analisar e debater os desafios comuns que as principais línguas ibero-americanas enfrentam no contexto atual, marcado pela digitalização, tensões geopolíticas ou migrações.

Impulsionar a coexistência das línguas em ambientes multiculturais, rever o impacto delas nas transações económicas ou promover a ciência aberta em espanhol e português foram questões marcantes dos debates deste primeiro dia, em que se reivindicou o papel de ambos idiomas como línguas “pluricêntricas”, ou seja, presentes nos cinco continentes e com cerca de 850 milhões de falantes, como explicou Ana Paula Laborinho, diretora de multilinguismo da OEI, que também moderou a primeira mesa de debate.

Cooperação educativa e política linguística

Participaram no primeiro painel Adriano Moreno, diretor nacional de Educação de Cabo Verde; Florbela Paraíba, presidente do Camões, I.P.; Neil Benavides, do Instituto Guimarães Rosa do Brasil; Francisco Moreno, diretor do Observatório Global do Espanhol de Espanha; José Manuel Cabrera Delgado, vice-conselheiro de Educação do Governo das Canárias; e João Neves, diretor do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP). O debate centrou-se na cooperação educativa, nas políticas linguísticas e no papel das línguas na construção de uma cidadania ibero-americana mais inclusiva e diversificada.

O segundo painel, moderado por Raquel Caleya, diretora de Cultura do Instituto Cervantes, abordou o valor económico do português e do espanhol no mercado global. Entre os palestrantes estavam José Luis García Delgado, do Observatório Nebrija do Espanhol, Luis Reto (ISCTE-IUL), Ricardo Penarroias (TAP, Portugal) e Sofia Cordeiro (AIR Centre), que analisaram a relação entre as línguas, a internacionalização empresarial e as novas economias do mar e do espaço.

Ciência, espaço digital e mobilidade

Na sessão dedicada às línguas, à ciência e à inteligência artificial, moderada por Celestino Barros (UniCV), participaram António Horta Branco (Universidade de Lisboa), Leonilde Santos (ARME, Cabo Verde), Daniel Pimienta (Observatório da Diversidade Linguística e Cultural na Internet, República Dominicana), Bianca Amaro (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Brasil) e Fernanda Beigel (CONICET, Argentina). Os especialistas destacaram o papel do espanhol e do português na ciência aberta, na produção académica e nos avanços da tradução automática.

O dia terminou com o painel sobre educação bilingue, plurilingue e intercultural, moderado por Rui Vaz (Camões, I.P., Portugal), no qual participaram Jasone Cenoz (Universidade do País Basco, Espanha), Virginia Unamuno (CONICET, Argentina), Helena Araújo e Sá (Universidade de Aveiro, Portugal) e Elvira Reis (Cátedra Eugénio Tavares, UniCV). O diálogo girou em torno dos desafios do ensino bilingue e das práticas de educação intercultural como ferramenta de coesão e mobilidade no espaço ibero-americano.

No âmbito da jornada, a OEI assinou acordos de cooperação com o Instituto Português do Oriente e com a Cátedra Unesco de Políticas Linguísticas para o Multilinguismo, entidades com as quais se procura estreitar laços de colaboração para o desenvolvimento de atividades voltadas para este âmbito de trabalho comum.

A conferência continuará nesta quarta-feira, 12 de novembro, na segunda e última jornada, que colocará o foco no papel das línguas em aspetos como a economia criativa e destacará algumas boas práticas de políticas linguísticas e educativas na região ibero-americana.

Esta edição da CILPE, enquadrada no 50.º aniversário da independência de Cabo Verde, conta com o apoio do Governo de Cabo Verde, do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), da Universidade de Cabo Verde, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), do Camões – Instituto de Cooperação e da Língua Portuguesa, I.P., do Instituto Cervantes, do Instituto Guimarães Rosa, do Instituto Português do Oriente (IPOR) e da companhia aérea TAP.

Publicado em 11 Nov. 2025