Mariano Jabonero: “A digitalização da educação é necessária, mas não suficiente”
Foi a advertência do secretário-geral da OEI durante a sua intervenção num fórum com candidatos à presidência do Panamá e as suas equipes de programas educativos, organizado pelo BID, Banco Mundial, CAF e OEI.
Na terça-feira, o Hotel Bristol, na Cidade do Panamá, acolheu o fórum programático #LaEducaciónNosUne (#AEducaçãoNosUne em português) com a participação dos candidatos à presidência do Panamá, no qual apresentaram as principais linhas de trabalho na área da educação. O fórum, promovido pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), juntamente com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial e o Banco de Desenvolvimento da América Latina – CAF, também contou com a presença de Mariano Jabonero, secretário-geral da OEI, e de especialistas em educação na região ibero-americana.
Durante o seu discurso, concentrado na necessidade de promover a inovação pedagógica num mundo já digitalizado, Jabonero enfatizou a necessidade de infraestruturas e recursos tecnológicos suficientes para enfrentar a transformação digital da educação que a região exige.
No entanto, para o secretário-geral da OEI, a digitalização deve ser acompanhada de sistemas educacionais comprometidos com o desenvolvimento de metodologias mais experimentais, uma revisão dos currículos, recursos pedagógicos inovadores e novos modelos de governança digital. Assim, a região deve ter como objetivo “um modelo de educação que dê prioridade à aprendizagem significativa” e que para além da digitalização do sistema consiga acompanhar uma “transformação pedagógica verdadeira e profunda” para uma sociedade digital que “não pode ser adiada”, acrescentou.
“Acreditamos que a região deve avançar em direção a sistemas educativos mais flexíveis, inclusivos e resilientes através da construção de modelos híbridos de educação que ajudem a transformar, inovar e melhorar a qualidade da educação e a equidade na região de forma efetiva”, disse Jabonero.
Destacou também o papel que a inteligência artificial desempenha hoje como uma ferramenta que veio para “transformar os ambientes e as possibilidades da educação”, conforme consta no relatório publicado pela OEI e pelo ProFuturo O futuro da inteligência artificial na educação na América Latina. Para Jabonero, essa tecnologia pode ajudar a “automatizar a avaliação da aprendizagem com feedback imediato para os estudantes“, o que ajudaria os professores a “concentrar o trabalho em mais tempo de ensino ou em tutoria individual com os alunos”, explicou.
Panamá, um exemplo de digitalização educacional
Para o secretário-geral da OEI, o Panamá é um exemplo de como empreender a digitalização da educação de forma transversal, em parte graças à “decisão de unificar o perfil digital de alunos, professores e funcionários administrativos por meio da padronização do e-mail institucional como chave de acesso a todo o ecossistema de educação digital do Ministério da Educação”.
Esse processo produziu resultados significativos, como o desenvolvimento de um Gestor de Aprendizagem próprio, com conteúdo para as principais disciplinas complementado por recursos materiais e literários disponíveis na Biblioteca Digital Nacional, bem como a modernização do processo de matrícula e monitorização de ações de formação para professores. Para além disso, a fase piloto da “Caderneta Digital” está em andamento e permite a captura de notas, presenças, exames e notas de avaliação em tempo real, o que melhorou a experiência dos usuários e, ao mesmo tempo, forneceu dados regulares sobre o desempenho académico quantitativo dos alunos.
“Estes avanços são o primeiro passo, devemos continuar a apostar na transformação digital na educação, assim como a OEI tem vindo a fazer, em parcerias com o BID, o CAF e o Banco Mundial”, disse Jabonero, que também destacou o progresso do Programa Ibero-Americano para a Transformação da Educação implementado pela OEI desde 2021.
Este programa materializa-se em projetos de alto impacto no país, como o Bibliotech, que reunirá cinquenta bibliotecas para fortalecer as suas capacidades em novos ambientes digitais para leitura e escrita criativa, ou o lançamento, nesta terça-feira, da plataforma “Meu ambiente, meu patrimônio”, que promoverá a importância da cultura do patrimônio panamenho sob a perspectiva da diversidade e dos direitos culturais com conteúdo interativo para estudantes de todo o país.