Mariano Jabonero apela em Barcelona à reivindicação da cidadania cultural ibero-americana
O secretário-geral da Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) fez este apelo na segunda-feira, durante o discurso de abertura da Reunião Anual de Diretores do Instituto Cervantes, que se realizou pela primeira vez em Barcelona.
Na manhã desta segunda-feira, 22 de julho, Mariano Jabonero, secretário-geral da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI), proferiu um discurso intitulado “A difusão da cultura ibero-americana” na abertura da Reunião Anual de Diretores do Instituto Cervantes, que se realiza esta segunda-feira e até amanhã, terça-feira, 23 de julho, na Câmara Municipal de Barcelona, na presença de autoridades locais e de mais de 80 responsáveis de centros e da equipa da direção da instituição.
Durante a sua intervenção, Jabonero sublinhou a importância de reivindicar e promover a cidadania cultural ibero-americana como um ativo económico da região, na qual as indústrias culturais representam entre 1,7% e 3,2% do emprego total e entre 1,4% e 3,1% do PIB; “a cultura ibero-americana apresenta-se como uma das mais compactas e diversificadas do mundo num contexto de globalização imparável”, salientou.
A cerimónia de abertura, realizada no Saló de les Cròniques da Câmara Municipal da capital catalã, contou com a presença, entre outras, de autoridades como Jaume Collboni, presidente da Câmara Municipal de Barcelona; Susana Sumelzo, secretária de Estado para a Ibero-américa e Caraíbas e Espanhol no Mundo; Luis García Montero, diretor do Instituto Cervantes; e Carlos Prieto, delegado do Governo espanhol na Catalunha.
Cultura ibero-americana: “potência global”
O secretário-geral da OEI defendeu perante os diretores do Cervantes e as autoridades presentes na abertura do encontro o poder das línguas maioritárias da Ibero-América: 850 milhões de falantes de espanhol e de português – as duas línguas oficiais da OEI – que são intercompreensivas e que, juntamente com as outras línguas da região, partilham um passado histórico e cultural que “nos torna uma potência global”, segundo Jabonero.
“Somos líderes mundiais em indústrias como a dos livros, o cinema e o streaming de música. As artes visuais, a edição e o artesanato representam 45% das exportações ibero-americanas de bens criativos. A cadeia de televisão brasileira Globo é o maior exportador de telenovelas do mundo e os cinco maiores exportadores de guiões e formatos audiovisuais são, juntamente com os Estados Unidos e o Reino Unido, a Argentina, a Colômbia e a Espanha”, afirmou o secretário-geral.
Recordou ainda que a OEI aposta na cultura como “um bem público essencial que deve ser acessível a todas e todos”, como um elemento que “favorece a integração, a inclusão e a participação cidadã com um enorme potencial económico”, como se pode constatar na Carta Cultural Ibero-Americana, promovida pela OEI em 2006, documento que se tornou a “referência política e jurídica mais importante em matéria de cultura para todos os países da região”. Neste sentido, sublinhou a necessidade de unir esforços para reforçar a cidadania cultural ibero-americana, uma vez que esta “promove o reconhecimento de histórias partilhadas”.
Por último, Mariano Jabonero apelou à mobilização de esforços conjuntos para o desenvolvimento de novas tecnologias, como a inteligência artificial, com um carimbo ibero-americano. “A IA não é ibero-americana, não foi criada para a educação ou para a cultura, por isso não é definitiva e não é ótima para a nossa região.”
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Entre outras atividades, a agenda da reunião inclui sessões internas à porta fechada, mesas redondas e conferências, bem como uma sessão de trabalho na terça-feira, presidida pela Rainha Letizia na Câmara Municipal de Barcelona, intitulada “Facetas do plurilinguismo”.