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Área Desenvolvimento Social, Institucional e Cooperação
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Mariano Jabonero: “O Prêmio Princesa de Asturias de Cooperação Internacional é um reconhecimento recebido por 23 nações soberanas”

Na manhã de hoje, aconteceu na Junta Geral do Principado das Astúrias uma mesa-redonda sobre cooperação ibero-americana, com a presença de Juan Manuel Cofiño González, presidente da Junta Geral do Principado, e Mariano Jabonero, secretário-geral da OEI, entre outras autoridades.

Com o objetivo de conhecer e aprofundar o trabalho de cooperação educacional, científica e cultural da Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) em seus 75 anos de trajetória, foi realizada nesta manhã, na Assembleia Geral do Principado das Astúrias, uma reunião com autoridades, representantes políticos de todo o arco parlamentar asturiano e organizações do setor de cooperação internacional de Oviedo, como a Fundação ONCE ou a Cruz Vermelha.

A mesa redonda, moderada pelo jornalista espanhol Manuel Campo Vidal, fez parte da programação da “Semana dos Prêmios”, dedicada a aproximar os cidadãos do trabalho dos premiados nesta edição dos Prêmios Princesa de Astúrias 2024, onde a OEI foi reconhecida na categoria de Cooperação Internacional. Participaram em representação da OEI Mariano Jabonero, secretário-geral; Martín Lorenzo, diretor da OEI na Colômbia; Mª Isabel Guerra, docente participante do programa Escolas de Fronteira, e Alexander Chaverri (Costa Rica), doutor em Ciências Sociais e primeiro bolsista do programa Paulo Freire+, que receberão o prêmio na cerimônia solene desta sexta-feira.

Fotografia: Fundação Princesa de Asturias – Daniel González

Em seu discurso de boas-vindas, Juan Manuel Cofiño González, presidente da Assembleia Geral do Principado, destacou que a educação é mais importante do que nunca “diante de um futuro imprevisível”. “O investimento na educação é imprescindível”, enfatizou o presidente asturiano, ao mesmo tempo em que destacou o papel da OEI em seu trabalho para enfrentar “de maneira exemplar” os desafios da região, especialmente para “fazer com que a educação seja um privilégio e um direito para todos”.

Manuel Campo Vidal destacou a “presença real” da organização em toda a região e seu papel como uma “ponte” que “é transitada e deixa marcas”. Nesse sentido, Mariano Jabonero apontou a inegável relação entre a Ibero-América e a Europa por meio de aspectos como a língua, a tradição cultural ocidental ou as migrações de ida e volta. “Hoje, a Ibero-América é a única região do mundo que não tem um conflito bélico”, enfatizou Jabonero.

A concessão do selo de cooperação delegada pela União Europeia — que permite realizar projetos no terreno com fundos europeus e do qual a OEI é a primeira a obter no espaço ibero-americano — e o estatuto de organismo observador da ONU, concedido em 2023, são os marcos mais recentes que Jabonero colocou sobre a mesa no que diz respeito às conquistas institucionais. “Este prêmio Princesa de Asturias é um reconhecimento que recebem 23 nações soberanas”, destacou.

Fotografia: Fundação Princesa de Asturias – Daniel González

Martín Lorenzo, diretor da OEI na Colômbia, destacou o papel “fundamental” da organização em programas e projetos importantes no país, como foi o caso da implementação do acordo de paz, especialmente em questões de inserção profissional ou acompanhamento em iniciativas educativas para a reinserção social. “A Colômbia sempre teve um papel significativo na organização. Foi a primeira sede no terreno e lá desenvolvemos programas significativos, como o Zero Analfabetismo, que impactou 300 mil colombianos”, destacou.

“Poder chegar às pessoas” é a maior satisfação que destaca este argentino, radicado na Espanha e que, além de dirigir o escritório da Colômbia, também foi responsável pela OEI no Uruguai, sobre sua trajetória na OEI; “nunca deixamos de trabalhar com ninguém, independentemente da cor política. Reunir os nossos 23 países para falar apenas de educação é um sinal inequívoco do consenso que a OEI consegue”, afirmou.

María Isabel Guerra, professora participante do projeto Escolas de Fronteira que a OEI desenvolve na fronteira entre Espanha e Portugal, destacou que esta iniciativa lhe permitiu reafirmar que “são mais as coisas que nos unem do que as que nos separam”. “É uma oportunidade fantástica em que 1.500 crianças de meia centena de escolas têm a oportunidade de se conhecer melhor, de derrubar barreiras mentais”, afirmou, ao mesmo tempo que assegurou que “hoje mesmo, em uma das nossas escolas na Espanha, estão ensinando sobre a cultura portuguesa e em uma sala de aula em Portugal estão ensinando sobre a cultura espanhola”.

Por outro lado, Alexander Chaverri, primeiro beneficiário a se formar no nível de doutorado das bolsas Paulo Freire+ da OEI, destacou o valor que essa oportunidade teve em sua carreira profissional, um conhecimento que permitirá avaliar e redefinir as políticas públicas na área do envelhecimento e cuidados à dependência em seu país de origem, a Costa Rica, “ um país de renda média onde pouco ou nada se falava sobre esse tema”. “Graças à minha tese, pude participar do projeto de lei sobre o modelo de atendimento à dependência na Costa Rica, que hoje é modelo para toda a região”, destacou. “Sem doutores não há pesquisa, sem pesquisa não há ciência de qualidade e sem ciência não haverá desenvolvimento para nossos países”, afirmou Chaverri.

Um prêmio que chega em seu 75º aniversário

A concessão do Prêmio ocorre quando a OEI completa 75 anos como organização pioneira da cooperação multilateral na região, com 650 projetos por ano, em média, e mais de 11 milhões de beneficiários anuais, em média, nos últimos cinco anos.

Graças às suas conquistas, a organização representa uma das maiores redes de cooperação do mundo, com mais de 400 acordos ativos, juntamente com entidades públicas, bancos multilaterais, universidades, organizações da sociedade civil, empresas e outros organismos internacionais, e uma das maiores presenças físicas no terreno, com 19 escritórios além de sua sede em Madri. A OEI é organismo observador da ONU desde 2023.

Publicado em 23 Out. 2024