O português e o espanhol olham para o futuro desde África: Cabo Verde será sede da IV CILPE

Nos próximos dias 11 e 12 de novembro, a cidade da Praia será sede da IV Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE).
Sob o lema «Multilinguismo, interculturalidade, cidadania», nos próximos dias 11 e 12 de novembro, a capital de Cabo Verde acolhe a IV Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE). Trata-se do maior encontro de reflexão e análise sobre o presente e o futuro das duas línguas, promovido pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).
Este ano, a iniciativa conta com o apoio institucional do Governo de Cabo Verde, em parceria com a Universidade de Cabo Verde e o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), para além da participação de autoridades e especialistas de entidades como o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. de Portugal; o Instituto Cervantes de Espanha ou o Instituto Guimarães Rosa do Brasil, entre outros.
O lançamento oficial da conferência decorreu esta terça-feira, 23 de setembro, na sede da Universidade de Cabo Verde, com a participação de Ana Paula Laborinho, diretora-geral de Multilinguismo da OEI, e José Arlindo Fernandes Barreto, reitor da Universidade de Cabo Verde, numa conferência de imprensa aberta à comunicação social cabo-verdiana, na qual foram divulgados os principais temas que serão abordados nesta edição. Também participaram João Neves, diretor do Instituto Internacional de Língua Portuguesa e Martín Lorenzo, diretor do Gabinete do Secretário-Geral da OEI.
“Receber esta edição é algo que nos enche de orgulho, porque Cabo Verde é uma terra de multiculturalidade e cidadania, tal como afirma o lema da conferência deste ano”, afirmou Barreto. “Hoje em dia, as línguas também têm suas batalhas no campo da ciência, da tecnologia e da geopolítica. Por isso, além de especialistas, esta conferência contará com a presença de formuladores de políticas linguísticas, o que é fundamental para o crescimento e a cooperação de ambas as línguas”, pontuou Ana Paula Laborinho.
“A CILPE é uma grande oportunidade para desenvolver novas redes, novas vias de cooperação entre ambas as línguas, como é o caso desta edição, que abriu as portas aos países africanos de língua portuguesa”, destacou Neves, enquanto Lorenzo ressaltou o poder do trabalho conjunto que representa a consolidação desta conferência: “poder trazer pela primeira vez esta conferência para África é uma prova do resultado de uma cooperação que está acontecendo”.
No final da coletiva de imprensa, a OEI e a Universidade de Cabo Verde assinaram um protocolo de cooperação para regular as atividades que serão realizadas nesta alma mater cabo-verdiana durante a CILPE.
CILPE 2025 com selo e alma africana
Realizada pela primeira vez num país africano, a quarta edição da conferência reúne diversos atores, entre especialistas e autoridades na matéria, para reafirmar o papel das línguas na integração dos países de língua portuguesa e espanhola, bem como o seu posicionamento no contexto global, com África como eixo fundamental.
Assim, os debates procuram contribuir para a criação de diretrizes conjuntas que fortaleçam a soberania e a projeção de ambas as línguas no século XXI em temas como inovação, educação e cultura, promovendo a diversidade linguística como um fator decisivo no cumprimento dos objetivos da Agenda 2030. Além disso, será discutido o papel estratégico de Cabo Verde como exemplo de interculturalidade e coexistência linguística, bem como ponte cultural entre África, América e Europa, por estar no coração da região da Macaronésia, juntamente com as Ilhas Canárias, os Açores e a Madeira.
Após três edições de sucesso em Lisboa (2019), Brasília (2022) e Assunção (2023), a CILPE já regista mais de 10 mil participantes entre assistentes e participantes de todo o mundo e consolida-se como um dos fóruns mais importantes no seu âmbito e para toda a comunidade lusófona e hispânica, que atualmente conta com quase 850 milhões de falantes presentes nos cinco continentes.