OEI e ProFuturo apresentam o primeiro estudo comparativo sobre a inclusão das TIC nas salas de aula da América Latina
A Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) recebeu ontem em sua sede a apresentação do Estudo sobre a inclusão das TIC nas escolas da Fundação Telefônica, desenvolvido pela OEI e pelo ProFuturo, pr…
A Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) recebeu ontem em sua sede a apresentação do Estudo sobre a inclusão das TIC nas escolas da Fundação Telefônica, desenvolvido pela OEI e pelo ProFuturo, projeto promovido pela Fundação Telefônica e a Fundação Bancária “la Caixa”. A análise foi realizada em 144 escolas de 7 países da América Latina (Equador, El Salvador, Guatemala, México, Nicarágua, Panamá e Uruguai) e contou com a participação de mais de 450 diretores e quase 2.300 professores.
O estudo revela que 77% dos professores das escolas analisadas usam computadores em sala de aula pelo menos uma vez por mês para que os seus alunos realizem consultas na internet (76%) ou para a apresentação de trabalhos escolares (66%). A análise também mostra que não basta entregar computadores para as escolas ou garantir uma conexão de banda larga. A qualidade da educação na América Latina não reside na presença ou na ausência de tecnologia, e sim em como e para que ela é aplicada em sala de aula, conforme explicado por Paulo Speller, Secretário-Geral da OEI durante a apresentação, “Estamos aqui para construir o futuro com base nas exigências do presente. Em nossa organização é o que tem sido feito há 70 anos, trabalhando para a educação na Ibero-América”.
Como mostra o estudo, hoje, alguns dos principais desafios da inovação educacional na América Latina passam por políticas públicas que garantam a alfabetização digital de professores ou a integração das TIC no currículo acadêmico. A Diretora-Geral do ProFuturo, Sofia Fernandez de Mesa, expôs que “o projeto Aula Fundação Telefônica nasceu em 2009, a fim de formar professores em tecnologias para que, por sua vez, fizessem uso delas na sala de aula. Esse é o objetivo que hoje tem o ProFuturo, para o qual este projeto foi transferido. Se não somos capazes de formar nossos professores e alunos nessas novas competências exigidas pela nova sociedade tecnológica, não poderemos ser produtores dessa economia digital, e sim apenas consumidores”.
Nos últimos 10 anos, a América Latina fez grandes avanços na inclusão das TIC nas salas de aula. “O estudo nos demonstrou que a mudança educacional é possível. Existem escolas que estão fazendo um excelente trabalho no uso da tecnologia em contextos vulneráveis “, afirmou a coordenadora do Instituto de Avaliação (IESME) da OEI, Tamara Díaz. É o caso de um dos cinco professores latino-americanos que vieram a Madri para contar sua experiência em primeira mão, Maria Jacinta Ramos de Chica, professora do centro educativo Presbítero Norberto Cruz, em El Salvador: “Claro que no início tinha medo das tecnologias, mas somos professores de desafios. E graças a isso, hoje já vemos as mudanças com os alunos de nossa instituição, como as aulas de videoconferências para trabalhar com várias turmas ao mesmo tempo”. A professora da escola Canton Xepache em Quetzaltenango, na Guatemala, Ingrid Fabiola Roesch, declarou: “Graças às TIC, os professores do meu país estão se preparando melhor, porque os alunos e os pais nos exigem isso”.
A apresentação também incluiu reflexões de especialistas em inovação educacional, tais como Juan Freire (“A tecnologia não faz mágica, mas as pessoas que utilizam a tecnologia, sim. Aprender tecnologia é aprender comunicação”), Claudia Limón (“A tecnologia tem muitas potencialidades, mas não pode corrigir uma prática pedagógica ruim. Tem que ser incorporada de maneira transversal”) e Axel Rivas (“A internet tem que ser um direito humano sobre o qual se pode construir outros direitos”).