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Rumo a uma transição energética justa e sustentável na América Latina e na Europa: como estamos?

Energytran -Trabajo de campo CSIC Chile Emilio Santiago ©OEI

Após o primeiro ano de existência, o Energytran, um projeto de cooperação científica para apoiar a transição energética em ambas as regiões - liderado pela OEI - apresenta os seus principais resultados.

Quais são os principais desafios que a América Latina e a Europa enfrentam para garantir, simultaneamente, uma transição energética justa e sustentável? Poderão ambas as regiões desenvolver políticas conjuntas para tirar partido dos seus recursos e capacidades? Estas são algumas das questões que o projeto Energytran procura responder. A iniciativa, promovida pela OEI, acaba de completar um ano desde o seu arranque em março de 2024.

Financiado pelo programa Horizonte Europa da Comissão Europeia, o projeto tem como objetivo abordar a transição energética como um desafio comum, promovendo o intercâmbio, a criação e a transferência de conhecimento entre infraestruturas de investigação das duas regiões, a partir de uma perspetiva multidisciplinar.

O projeto foca-se no desenvolvimento das dimensões tecnológica, ambiental e social da transição energética, com o intuito de apoiar a criação de políticas públicas e estruturas regulatórias que promovam uma transição limpa, sustentável e justa, contribuindo para uma sociedade resiliente. Neste sentido, o Energytran trabalha em quatro estudos de caso principais: o lítio no Chile, os conflitos socioambientais associados às energias renováveis no México, o cooperativismo energético na Costa Rica e a relação entre transição energética, justiça social e igualdade de género na Argentina.

Além disso, o projeto visa contribuir para a modernização das tecnologias desenvolvidas pelas infraestruturas de investigação em energia nos países envolvidos, fornecendo soluções para a eletrificação progressiva através de portadores de energia descarbonizados e de baixa emissão, como o hidrogénio, utilizando materiais derivados de biomassa residual.

Desde o seu arranque, mais de 300 investigadores e investigadoras de mais de 20 países participaram em cerca de 20 atividades realizadas no âmbito do projeto ou na sua área de impacto.

O Triângulo do Lítio (Argentina, Bolívia e Chile) contém 56% das reservas mundiais de lítio. Até 2050, espera-se que a América Latina e as Caraíbas produzam cerca de 12% da procura global de hidrogénio verde.

Uma transição energética imparável

Graças à implementação do Energytran e às cerca de 50 mobilidades internacionais apoiadas em ambos os sentidos — da América Latina para a Europa e vice-versa — foi possível fomentar redes de cooperação científica, promover a troca de experiências e facilitar a transferência de conhecimento. Como resultado, foram publicados mais de 10 artigos de divulgação científica e os investigadores do projeto participaram em mais de 15 eventos internacionais.

Uma das publicações do projeto analisa o papel da tecnologia na transição energética, com especial atenção ao lítio, ao hidrogénio verde e à energia solar na América Latina e na Europa, desde uma perspetiva de género, e apresenta um conjunto de recomendações para o desenvolvimento de políticas públicas nesse sentido.

Além disso, no âmbito do projeto, está a ser desenvolvida a plataforma digital Energytran Network4Collaboration, que visa fomentar o intercâmbio de conhecimento, experiências e boas práticas entre investigadores, decisores políticos, sociedade civil e o setor privado na Europa, América Latina e Caraíbas.

Para o próximo ano, o projeto prevê a realização de novos estudos que analisem desafios e oportunidades birregionais em áreas como a energia solar térmica, a extração de lítio, o hidrogénio verde, um estudo etnográfico sobre o impacto social da transição energética e um relatório de recomendações políticas sobre meio ambiente e impacto social da transição energética.

Para além disso, nos dias 24 e 25 de março, terá lugar o concurso #EnergytranPoster Conference, que atribuirá até 300 dólares aos melhores cartazes sobre investigações relacionadas com a transição energética. Durante o fórum gratuito, que será transmitido ao vivo na rede social X (anteriormente Twitter), os participantes poderão partilhar e debater os resultados e progressos dos seus projetos de investigação, inovações, desenvolvimentos tecnológicos e teses de licenciatura e pós-graduação na área da transição energética. Esta atividade insere-se no International Energytran Workshop, que decorrerá entre 24 e 27 de março em Aguascalientes, México.

Finalmente, estão previstas atividades temáticas, como um curso sobre desafios ambientais e ciência aberta para a transição energética na Costa Rica em setembro, um webinar em outubro sobre meio ambiente e transição energética, e o evento de encerramento do projeto, no qual serão apresentadas as conclusões da sua implementação. O evento terá lugar em novembro, em Santiago do Chile.

O consórcio do Energytran, liderado pela OEI, é composto por universidades e instituições de investigação de seis países (Argentina, Chile, Costa Rica, Espanha, México e Portugal), incluindo:

  • Consórcio Europeu de Infraestruturas de Investigação Solar (EU-Solaris ERIC)
  • Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESCTEC, Portugal)
  • Universidad Nacional San Martín (Argentina)
  • Centro Nacional de Alta Tecnologia (Costa Rica)
  • Universidad Nacional del Nordeste (Argentina)
  • Pontificia Universidad Católica de Chile
  • Consórcio Europeu de Infraestruturas de Investigação para a Biodiversidade (LifeWatch ERIC)
  • Instituto Politécnico de Setúbal (Portugal)
  • Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC, Espanha)
  • Instituto Tecnológico Nacional de México
Publicado em 10 Mar. 2025