Programa Ibero-americano de Transformação Digital na Educação
Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou a pandemia da COVID-19, em março de 2020, ainda não estávamos cientes das implicações que isso teria no campo da educação. No entanto, hoje em dia, enquanto ainda continuamos a aprender e dar as respostas necessárias para atenuar esta crise, a digitalização na educação recebeu a importância que realmente requer e está a ser abordada por todos os ministérios da Educação da região.
Porquê a transformação digital da educação?
Este programa não é apenas mais uma das 400 iniciativas que a OEI tem em andamento na região. É uma iniciativa que visa mobilizar política, social e financeiramente diferentes atores para exceder o valor de 0,78% do orçamento regional destinado a superar os efeitos da pandemia na educação. Superar a pandemia requer sistemas de educação mais flexíveis, inclusivos e resilientes e o desenvolvimento de competências digitais que favoreçam a empregabilidade e produtividade.
O atual contexto pós-pandemia na região é caracterizado por:
- em média, mais de um ano letivo sem ensino presencial ou com interrupções prolongadas (CEPAL, 2021). A região do mundo com o maior número de horas perdidas de ensino presencial;
- a “pobreza de aprendizagem” aumentará em mais de 20% (Banco Mundial, 2021);
- as taxas de abandono escolar entre adolescentes e jovens aumentarão; assim, 3,1 milhões de jovens, meninas e meninos seriam excluídos da educação;
- a probabilidade de conclusão do ensino secundário em 18 países da América Latina baixaria de 56% para 42%, principalmente relativamente aos adolescentes de famílias com baixo nível de escolaridade, que teriam a sua probabilidade reduzida em quase 20 pontos percentuais (Neidhöfer, Lustig e Tommasi, 2020 e 2021);
- aprofundamento das desigualdades existentes. O fosso económico, social e entre homens e mulheres (“pandemia das sombras”).
O que devemos ter em consideração?
- Agenda Internacional 2030. Objetivos e desafios da nova agenda 2030.
- Que ninguém seja deixado para trás. Prestar especial atenção aos alunos mais vulneráveis: os 40% que, durante a pandemia, não tiveram opções de educação virtual.
- Identificar zonas e populações de intervenção prioritária. Selecionar as áreas geográficas e comunidades mais carentes.
- Previsão, coordenação e ação. Definir uma estratégia conjunta com base nas necessidades identificadas com os ministérios da educação e em articulação com as suas políticas públicas, outras administrações, organizações multilaterais, sociedade civil, etc.
- Estratégias de cooperação avançada. Fortalecimento das capacidades, criação de redes; diálogo sobre políticas, partilha de boas práticas: transformação a partir da inovação.
- Lições aprendidas e divulgação. Sistematizar e avaliar toda a experiência. Gerar conhecimento e partilhá-lo.
- Apropriação social. Ampla divulgação nas redes sociais e meios de comunicação.
Antecedentes
Projeto Regional com abrangência nacional Luzes para Aprender
“Luzes para Aprender” é uma iniciativa regional promovida pela OEI e aprovada, em 2011, pelos ministros da Educação dos países ibero-americanos na XIX Conferência Ibero-americana da Educação, realizada em Assunção, Paraguai. A sua finalidade é contribuir para a melhoria da qualidade da educação das escolas rurais da região, bem como para o desenvolvimento e bem-estar das comunidades a que pertencem.
O projeto beneficiou 25.934 alunos e 1.197 professores de 556 escolas rurais em comunidades isoladas que não tinham eletricidade ou conetividade, em 13 países da região.
É necessário aceitar os cookies para ver este conteúdo
As desigualdades decorrentes deste fosso devem ser resolvidas através do estabelecimento de prioridades e resultados partilhados entre os diferentes parceiros e por meio de projetos que respondam a um objetivo regional comum destinado a reforçar os sistemas de ensino híbrido.
A relevância e destaque da construção de um modelo de ensino híbrido vai além da simples combinação de educação presencial e educação a distância. Há a necessidade de integrar toda a comunidade educativa no processo de ensino-aprendizagem, cada um com o seu papel e a sua responsabilidade, por uma educação de qualidade, mais equitativa e inclusiva, com a digitalização avançando mediante ferramentas e recursos digitais e a combinação de uma oferta mais ou menos tradicional do que a educação era até antes da pandemia.
Definição
Processo de mudança, voltado para a melhoria da qualidade e equidade na educação, apoiado na tecnologia e conetividade, mas que vai além da digitalização do sistema, exigindo uma revisão pedagógica profunda que o acompanhe.
Está orientado para o desenvolvimento de um novo modelo de ensino e aprendizagem mais flexível e com maior capacidade de atender a todos (inclusivo), através de metodologias colaborativas, mais experienciais e que procuram o desenvolvimento das competências do aluno.
Objetivo
- Promover a qualidade e equidade para o alcance de sistemas de educação mais flexíveis, inclusivos e resilientes.
A educação continua a ser um motor de desenvolvimento que prepara os alunos para enfrentar os desafios e demandas do mundo em constante mudança de hoje. Somente um tipo de educação inclusiva e resiliente poderá alcançar, com sucesso, todos igualmente e gerar sociedades mais justas e igualitárias.
- Construção de um modelo de ensino híbrido.
Incorporar um modelo de ensino que combine educação presencial e a distância é uma oportunidade que continua a ter como foco a relação aluno-professor e cuja aprendizagem continuará a ser garantida a partir de velhas e novas ferramentas pedagógicas.
Fases
- Retorno ao ensino presencial.
- Conhecer e avaliar os efeitos na educação da pandemia e a perda de aprendizagem e lançar programas de recuperação.
- Implementar modelos híbridos de aprendizagem presencial e virtual para todos.
Realizações
“Devemos ser capazes de respeitar as prioridades dos países e, a partir daí, trabalhar, com uma perspetiva regional, a partir do caminho marcado pelos ODS”
A OEI está empenhada em liderar um processo de diálogo regional que contribua para o cumprimento dos objetivos da Agenda 2030.
- Educação inclusiva, equitativa e de qualidade (ODS-4)
Temos a oportunidade de resolver alguns desafios e demandas e alcançar uma educação de qualidade de forma massiva para que a educação não seja um direito apenas de poucos e que o contexto e a condição socioeconómica dos alunos delimitem a sua situação educativa.
- Cooperação e parcerias público-privadas (ODS-17)
A OEI adere também ao ODS 17 e ao desafio de encontrar estas parcerias para alcançar os objetivos da Agenda 2030. O nosso programa regional tem um elevado número de apoios e colaborações com diferentes organizações: públicas, privadas, nacionais, internacionais, académicas e da sociedade civil. Cada um dos nossos projetos e ações foi desenvolvido de maneira conjunta para a busca de soluções eficazes para os grandes desafios da região e contribuindo para alcançar um verdadeiro desenvolvimento sustentável.
“O salto acelerado para as novas tecnologias de comunicação e informação combinado com práticas de sala de aula permite que os alunos desenvolvam as habilidades e competências necessárias para abordar os diferentes temas do plano de estudos de mil maneiras, mediadas pela motivação intrínseca que favorece uma aprendizagem autónoma” (OEI, 2021).
Pedagógico: metodológico e didático
Digital: conetividade, software e hardware
Componente pedagógico
Linhas de trabalho
1. Fortalecimento de capacidades.
2. Metodologias e processos.
3. Gestão de conhecimento e inovação.
AÇÕES
1. Fortalecimento de capacidades
- Formação: competências digitais para os administradores públicos e a comunidade educativa.
- Formação de equipas de gestão. Competências digitais.
- Formação especializada: MAITE. Mestrado avançado em inovação e transformação educativa (UCM/OEI/ILE).
- Mobilidade: auxílios para o estudo de professores, diretores e administradores.
2. Metodologias e processos
- Elaboração, desenvolvimento e implementação de modelos híbridos.
- Recursos: identificação / repositório de Boas Práticas.
- Recursos: desenvolvimento de conteúdo pedagógico.
- Recursos: criação de um banco de recursos multimédia.
3. Gestão de conhecimento e inovação
- Investigações, diagnósticos e manuais.
- Estudo “Primeira Infância na era da transformação digital”
- “Educação, juventude e trabalho. Habilidades e competências necessárias num contexto em constante mudança” (OEI-CEPAL, 2020)
- “Diagnóstico para a avaliação do contexto das escolas na implantação do ProFuturo”
- “A transformação da educação digital é urgente”, (Enguita, 2021)
- “Educação Inclusiva na América Central e República Dominicana: Balanço, Opções e Recomendações de Políticas” (BCIE-OEI-SICA, 2022)
Componente digital
Linhas de trabalho
1. Tecnologia e conetividade.
2. Infraestrutura, conteúdos digitais e equipamentos.
Atenção especial às áreas e grupos vulneráveis.
Estabelecimento de parcerias e acordos com empresas e instituições do setor (público/privado).
AÇÕES
Para a OEI, é tempo de ver quem ficou de fora do sistema de ensino, quais perdas de aprendizagem foram registadas e como podemos tentar compensá-las. Para isso, faremos o seguinte:
1. Tecnologia e conetividade
- Garantir o acesso à internet nas escolas para garantir a continuidade educativa.
- Identificar as demandas e reunir a informação necessária para a tomada de decisões.
- Incentivar a utilização de ferramentas que permitam a ligação de toda a comunidade educativa.
2. Infraestrutura, conteúdo digital e equipamento
- Detetar e discutir as necessidades e planear a entrega de equipamentos e dispositivos com alunos, professores, gestores e administradores e promover ações concretas para o uso correto dos mesmos.
- Promover a melhoria e a readequação das instalações dos estabelecimentos de ensino. Melhorar as condições das salas de aula e ter espaços digitais renovados que contribuam para melhorar os resultados académicos, prevenir o abandono escolar e aumentar a motivação de alunos e professores.
A interação entre a OEI e os parceiros deste programa ocorre graças a um posicionamento global, bem como através da construção de uma agenda e planos regionais, do apoio aos espaços de diálogos, da gestão do conhecimento e de uma melhor identificação dos pontos fortes e fracos comuns. Tudo isso com a confiança e segurança de ser capaz de alcançar maiores repercussão e impacto para gerar melhores resultados de maneira conjunta.
Parceiros e iniciativas conjuntas para o desenvolvimento de programas globais
O programa tem vários parceiros:
AECID e-Duc@ 2021
|
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
Contribuir para o desenvolvimento de modelos de ensino híbrido para que os países possam garantir a continuidade educativa, superar os desafios agravados pela pandemia em termos de fosso de acesso, qualidade e relevância educativa e consolidar os processos de transformação digital na educação dos sistemas da região.
|
Universidad Complutense de Madrid (UCM) y Fundación Francisco Giner de los Ríos. Institución Libre de Enseñanza (ILE-FFGR)
MAITE. Mestrado avançado em inovação e transformação educativa
Focado na transformação educativa, entendida como uma mudança profunda baseada nas capacidades do ecossistema digital. É estruturado em torno de três áreas principais: transformação digital, transformação pedagógica e liderança transformadora. Responde não apenas a uma necessidade presente e crescente, mas também a uma oportunidade única, após a disrupção escolar provocada pela pandemia. |
ProFuturo, o programa de educação digital da Fundación Telefónica e Fundación “la Caixa”
Promover ações para incorporar as tecnologias que respondam aos desafios da transformação digital na educação. Promover o acesso a espaços e processos de ensino e aprendizagem de competências digitais destinados a toda a comunidade educativa.
Elaboração de uma estratégia de validação e revisão do diagnóstico a nível central, bem como um processo de melhoria contínua que permita ajustar e incorporar melhorias ao instrumento desenvolvido pelo ProFuturo a nível global.
|