Brasil ficou caro e desindustrializado, segundo Alckmin
O vice-presidente da República do Brasil defendeu que o país agregue mais valor às suas commodities e conquiste o mercado regional.
O Brasil passou por um processo de desindustrialização precoce e acentuada, segundo o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. Isso aconteceu porque o país ficou caro e o setor produtivo acabou se deslocando para outros locais, segundo ele.
“Quando um país fica rico, ele se desindustrializa. É natural. Ficou caro, o país ficou rico, a indústria muda de lugar. Só que ficamos caros antes de ficarmos ricos. O Brasil é um país caro para quem vive e para exportar. O país exporta commodity, mas tem dificuldade de exportar valor agregado”, afirmou Alckmin, no States of the Future, evento paralelo do G20.
Para o vice-presidente, o país deve se empenhar para agregar valor e não se concentrar exclusivamente no comércio de commodities. Hoje, a presença brasileira no mercado internacional está predominantemente atrelada à venda de minério de ferro e petróleo.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desempenha papel fundamental no esforço do país em ser inovador, focado em resultados, patentes e emprego, segundo Alckmin.
“Se eu quero dinheiro emprestado, capital para trabalhar, com 8% de juros, e o meu concorrente tiver 1% ou zero de juro, como vou competir? Crédito é fundamental. Preciso renovar as máquinas, ser mais eficiente, gastar menos energia, ter melhor resultado”, disse.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sanciona amanhã, 26, o lançamento da Letra de Crédito de Desenvolvimento (LCD), a terceira de uma série de soluções financeiras do tipo. Além dela, há a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a Letra de Crédito Agrícola (LCA). O título é emitido pelo BNDES, mas o dinheiro é do mercado. Essa tende a ser uma alternativa mais barata de financiamento, de 1% a 1,5% mais barato do que a média das ofertas disponíveis.
Alckmin ressaltou ainda a necessidade de o Brasil se unir aos países vizinhos para ampliar as exportações. Ele argumenta que o país responde por 1,8% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial. Isso significa que há uma oportunidade de ampliação do comércio de 98,2%.
“Precisamos conquistar mercado. O presidente Lula tem viajado pelo mundo inteiro abrindo mercado. A Bolívia acabou de entrar no Mercosul. O mundo é globalizado, mas o mercado é intrarregional. Precisamos reconquistar os vizinhos”, disse o vice-presidente.
O States of The Future é realizado pelos ministérios da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), das Relações Exteriores (MRE), do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A organização é da Maranta e da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI). Apoiam o States of the Future a Open Society Foundations e a República.org.