Estudo da OEI aponta conquista das mulheres do meio científico no Brasil
O mundo da Física é facilmente retratado por homens emblemáticos como o alemão Albert Einstein e o britânico Stephen Hawking. Só que, a igualdade de gênero na ciência tem avançado e, em alguns aspectos, a diferença tornou-se coisa do passado. É o que revela o estudo As desigualdades de gênero na produção científica ibero-americana, do Observatório Ibero-americano de Ciência, Tecnologia e Sociedade (OCTS), instituição da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI).
No Brasil, o estudo indica que, proporcionalmente, elas estão à frente dos homens em dois aspectos científicos: na produção e publicação de artigos. A assinatura de artigos científicos por mulheres mostra que 72% dos textos publicados no país incluem pelo menos uma autora brasileira. Já no caso da publicação dos trabalhos, o estudo aponta que, em 2017, o volume de textos também tem uma diferença para mais para as mulheres (53%), comparadas com os homens (47%).
Na graduação e doutorado elas também já são maioria. O acesso de mulheres a licenciaturas é de 57% e a doutorados 53%. A diferença entre as etapas é de aproximadamente 5% e, comparado ao acesso de homens, o público feminino representa um pouco mais da metade, tanto na licenciatura quanto no doutorado.
Global – Em geral, o estudo das diferenças de gênero na ciência, tecnologia e educação superior na Ibero-américa mostra que em certos países da região a tendência é de equidade. Em alguns casos, o estudo mostra que o acesso das mulheres ao ensino superior é mais expressivo que dos homens.
É o caso da Argentina, onde na década de 80 o número de mulheres era igual ao número de homens no acesso ao ensino superior e hoje elas são a maioria entre os que frequentam a universidade naquele país. Essa foi a condição inicial para que as mulheres tivessem acesso à produção de conhecimento científico e tecnológico.
A matemática e pesquisadora espanhola Ana Justel, que acaba de voltar de sua oitava expedição na Antártida, adverte que “as mulheres não permanecem e, acima de tudo, não conseguem liderar as equipes de pesquisa”. Justel considera esse o ponto crítico em todos os países.
A pesquisa do Observatório aponta que a porcentagem de mulheres cientistas em todo o mundo é de apenas 28% e fazendo um recorte específico da América Latina e no Caribe, o percentual é menos gritante. Sobe para 45,4%.
A docência universitária também reflete a necessidade de maior acesso das mulheres ao ensino. Apesar de as ibero-americanas chegarem a ser a maioria em salas de aula de universidades, a diferença de gênero é visível quando se trata de professores. Somente Cuba tem mais mulheres (57%) do que homens ensinando em sala de aula, enquanto no Peru, as professoras universitárias representam apenas 22% e na Espanha são menos de 43%.
Os dados do estudo do Observatório, além de retratar a realidade no ensino superior e na produção científica, trazem informações de redes de colaboração científicas da região ibero-americana.
Ainda há muito a ser feito pela igualdade de direitos. Só para se ter uma ideia, o estudo do OCTS indica que até 2020, haverá meio milhão de empregos em áreas como volume de dados (big data), inteligência artificial, segurança cibernética e a Internet das Coisas (rede de objetos físicos – veículos, prédios e outros dotados de tecnologia, sensores e conexão com a rede – capaz de coletar e transmitir dados) a ser coberta. No entanto, na Ibero-américa, as mulheres não chegam a 30% dos graduados em carreiras relacionadas às tecnologias de informação e comunicação (TICs). Um desafio, visivelmente, posto à equalização de gênero no futuro da ciência.
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