Gabinete da OEI em Lisboa quer ser ponte do triângulo Europa-África-América
O novo gabinete da Organização dos Estados Ibero-americanos em Lisboa vai fazer "a ponte" entre a América Latina e os países africanos de língua portuguesa, sendo essa uma das suas principais missões, disse à Lusa a diretora da estrutu…
O novo gabinete da Organização dos Estados Ibero-americanos em Lisboa vai fazer “a ponte” entre a América Latina e os países africanos de língua portuguesa, sendo essa uma das suas principais missões, disse à Lusa a diretora da estrutura.
“A importância [deste gabinete] tem a ver com um objetivo político, que diz respeito a esta posição importantíssima que Portugal tem, numa triangulação entre a Europa, África e a América Latina”, disse Ana Paula Laborinho em entrevista à agência Lusa.
O novo gabinete, que formalmente é inaugurado na sexta-feira – com a presença do secretário-geral da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI) -, tem vindo a funcionar desde novembro em instalações temporárias no edifício do Ministério da Educação, em Lisboa.
A estrutura decorre de um acordo firmado em 2016 entre a Organização dos Estados Ibero-americanos e o Governo português, e constitui o mais recente de 18 gabinetes do género da OEI, distribuídos sobretudo pela América Latina. A sede da OEI fica em Madrid.
Ana Paula Laborinho considera que o gabinete de Lisboa será único na estrutura global, porque fica num país – Portugal – com um posicionamento único: é membro da União Europeia, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa e da OEI, unindo assim os três continentes.
“Desde 2014, na Cimeira de Estados Ibero-americanos, que se tem discutido uma aproximação aos países de língua portuguesa de África e de Timor-Leste.
Um dos objetivos deste escritório será fazer a ponte com esses países”, adiantou a diretora.
O trabalho nesse sentido até já começou, recordou a diretora do novo gabinete.
“Temos dois países de língua portuguesa na OEI – Portugal e o Brasil – vamos trabalhar de uma forma articulada, também neste sentido, com a CPLP. Devo dizer que já neste momento isso começa a acontecer, com a participação do secretário-geral [da OEI, o brasileiro Paulo Speller] nas reuniões de ministros da Educação e da Cultura da CPLP”, disse Ana Paula Laborinho.
Sobre projetos concretos da OEI a envolver Portugal, a responsável apontou o caso do Observatório da Educação Ibero-americano, que vai começar a funcionar em Madrid, mas com Portugal e a Argentina como países líderes de projeto.
“Portugal ficará mais com a parte de inovação e formação e a Argentina mais com a questão da avaliação em Educação”, disse Ana Paula Laborinho, salientando que “a longa experiência em inovação educativa” portuguesa “poderá ser canalizada para este Observatório”.
Em África, existem outros projetos educativos em curso, com o apoio da OEI e com conhecimento e ‘know-how’ português.
“Há um muito interessante do Instituto Geogebra, de Portugal, que tem sido apoiado pela OEI, que consiste num ‘software’ gratuito para a aprendizagem da matemática”, disse a diretora da estrutura.
“O mais interessante é que já começou a desenvolver-se em Cabo Verde, onde já existe o primeiro Instituto Geogebra, na Universidade de Cabo Verde. Vamos agora avançar para o mesmo processo de constituição de um Instituto em Moçambique”, revelou.
O gabinete da OEI em Portugal tem como “parceiros naturais” os Ministérios da Educação, do Ensino Superior, Tecnologia e Ciência e o Ministério da Cultura, mas também pretende trabalhar “com a sociedade civil, com as organizações não-governamentais (ONG) e com todos os parceiros que se interessem por estas áreas”.
“Através deste escritório vamos poder ter uma intervenção e dar a conhecer melhor o que a OEI faz e pode proporcionar em Portugal. A OEI é um parceiro fiável, muito conhecida na América Latina, e por isso chegou a hora de dar a conhecer esta organização em Portugal”, salientou Ana Paula Laborinho.