Transformação Digital na Educação – Desafios no pós pandemia em debate
A Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) e a Universidade do Minho organizam o seminário “Transformação digital na Educação”, nos dias 13 e 14 de julho, em Braga, que reúne investigadores, docentes, decisores nacionais e internacionais.
O ministro da Educação de Portugal, João Costa, e o Secretário-Geral da OEI, Mariano Jabonero, participam no debate sobre a necessidade urgente de pensar estrategicamente a digitalização na educação, processo que foi acelerado pela pandemia.
Num mundo cada vez mais digital, os espaços escolares ainda são os projetados para o século XIX, os modelos pedagógicos e curriculares em vigor foram estruturados no século XX e os docentes preparados para a formação no modelo presencial. Fala-se hoje, a nível global, em aprofundamento das desigualdades: disparidade económica, disparidade social e disparidade de género (“pandemia sombra”).
Dois anos com vários períodos de confinamento tiveram impacto no sistema de educação um pouco por todo o mundo. As poucas ferramentas disponíveis e ainda pouco utilizadas foram resgatadas para acorrer de forma urgente às necessidades de comunicação. “O objetivo foi dar uma resposta tão rápida quanto possível num contexto adverso e inesperado, procurando garantir um acesso democrático a ferramentas de aprendizagem que permitissem restaurar uma ‘nova normalidade’ e evitar o encerramento dos sistemas de ensino”, refere Ana Paula Laborinho, diretora da OEI em Portugal.
Este seminário resulta da necessidade de nos questionarmos sobre a resposta que foi dada, apontar estratégias para aproveitar o salto que ocorreu e compreender o que pode ser melhorado. É este o momento certo para definir um “modelo educativo para o futuro”, nas palavras do secretário-geral da OEI, Mariano Jabonero.
Neste quadro, a OEI está a promover um projeto-piloto em sete países para antecipar o apoio à transformação digital da educação. É já o culminar de diversos estudos publicados por esta organização internacional ao longo destes três anos e direcionados ao espaço ibero-americano. Constata-se que as escolas terão que alternar o presencial com o virtual, construir currículos para a educação a distância e definir novos conteúdos educativos e outras formas de trabalho em equipa. Não se trata apenas de estar conectados, mas também interconectados, o que implica comunicação, diálogo e pontos de convergência – a Escola Digital. Na publicação da OEI “A educação de amanhã: inércia ou transformação?” (2021), a quarta revolução industrial é identificada como o primeiro dos elementos inovadores que afeta o setor.
“O mundo educativo digitalizou-se e, por isso, mais ou menos acesso à internet significa ter mais ou menos qualidade, inclusão e equidade de ensino; consequentemente, a exclusão digital está diretamente associada à exclusão educacional e social”, acrescenta Mariano Jabonero.
A Universidade do Minho é uma instituição de referência nacional e internacional, desenvolvendo formação e investigação e promovendo a criação de conhecimento sobre projetos de ensino, de investigação e de interação com a sociedade na área da Educação. Neste âmbito, tem desenvolvido investigação, nomeadamente, sobre as questões éticas e técnicas que o digital coloca, ambientes virtuais de aprendizagem, abordagens de ensino e aprendizagem virtual, práticas pedagógicas inovadoras utilizando tecnologia como a aprendizagem mista, a aprendizagem invertida, a aprendizagem baseada no jogo, para dar alguns exemplos.
Em Portugal, foi aprovado o Programa de digitalização para as Escolas . Este plano contempla a disponibilização de equipamento individual para utilização em contexto de aprendizagem e conectividade móvel gratuita para alunos, docentes e formadores do Sistema Nacional de Qualificações, bem como o acesso a recursos educativos digitais. O Plano prevê ainda uma capacitação de docentes que garanta a aquisição das competências necessárias ao ensino neste novo contexto digital.
Programa
A sessão de abertura conta, na quarta-feira, às 14h30, com o ministro da Educação, João Costa, o secretário-geral da OEI, Mariano Jabonero, o secretário executivo da CPLP, Zacarias da Costa (por vídeo), o presidente do Município de Braga, Ricardo Rio, e o reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro. Segue-se a conferência inaugural “Educação e o ciberespaço,” pelo presidente da Associação Portuguesa de Proteção de Dados e professor da Escola de Engenharia da UMinho, Henrique Santos.
Às 15h30 decorre o painel “Digitalização sustentável, segura e inclusiva”, com o ministro João Costa a juntar-se ao homólogo da República Dominicana, Roberto Fulcar, a Mariano Jabonero e ao diretor de Ação Cultural e Língua Portuguesa, João Ima-Panzo. Prevê-se, ainda, um debate sobre modelos híbridos de ensino, com investigadores de Portugal, Espanha e Brasil e moderação da subdiretora da Direção-Geral da Educação, Maria João Horta.
Oradores de vários continentes
Na quinta-feira, às 12h00, a mesa redonda “Digitalização na educação”, integrada no Ano Europeu da Juventude, reúne a participação do secretário-geral do Organismo Internacional de Juventude para a Iberoamérica, Max Trejo, dos presidentes do Conselho Nacional da Juventude de Portugal e do Brasil, respetivamente Rui Oliveira e Marcus Barão, da presidente do Fórum da Juventude da CPLP, Aissatu Forbs Djaló, e da coordenadora para a Juventude da Conferência de Ministros da Juventude e Desporto da CPLP, Miriam Madre Deus.
O programa inclui, também, debates sobre inteligência artificial na educação e sobre as respostas regionais, nacionais e alianças estratégicas, através da participação do ex-ministro da Educação do Peru, Ricardo Cuenca, da Diretora para a Educação da OEI, Tamara Díaz, e do coordenador da Estrutura de Missão Portugal Digital, Bernardo Sousa. A conferência de encerramento vai ser proferida, às 17h30, pelo presidente do Conselho Assessor da OEI, Otto Granados, sob a moderação de Ana Paula Laborinho, Diretora da OEI em Portugal, e José Augusto Pacheco, professor da Universidade do Minho, coorganizadores do seminário.