Apenas 13% dos estudantes das áreas STEM na Espanha são mulheres, segundo um estudo da OEI
Por ocasião do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado hoje, a Organização dos Estados Ibero-americanos adverte que a Ibero-América é uma das regiões mais afetadas pela diferença de gênero na ciência. De acordo com o relatório O Estado da Ciência 2020, embora as universitárias representem 55% do número total, em países como Espanha, Brasil ou Chile, o percentual de mulheres em cursos de tecnologia não passa de 13%.
Nesta quinta-feira, 11 de fevereiro, comemora-se o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, uma ocasião para lembrar que ainda existem lacunas significativas entre homens e mulheres no acesso a áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Esta disparidade de gênero coloca em risco considerável a realização da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que, em seu ODS-4, visa garantir uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade.
Para a Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), a Ibero-América continua sendo uma das regiões do mundo mais afetadas por esta desigualdade de gênero. De acordo com sua publicação O Estado da Ciência 2020, apesar de 55% da população universitária da região ser composta por mulheres, sua participação nos cursos de TIC é de apenas 21%, sendo igual ou inferior a 13% em países como a Espanha, Brasil ou Chile.
Quanto à presença de mulheres na pesquisa, dados da Rede Ibero-Americana de Indicadores de Ciência e Tecnologia, coordenada pelo Observatório de Ciência, Tecnologia e Sociedade da OEI, indicam que na Ibero-América 44% dos pesquisadores são mulheres. No entanto, em países como Chile e México, essa proporção não chega a 30%. Da mesma forma, a diferença de gênero é ainda maior nas pesquisas realizadas no setor empresarial, onde em países como a Guatemala, apenas 15% das equipes de pesquisadores nas empresas são formadas por mulheres.
O «teto de vidro» da academia para as mulheres ibero-americanas
Embora as mulheres representem 42% do total de professores universitários na Ibero-América, este número contrasta com as altas porcentagens de alunas matriculadas, que em todos os países da região são superiores a 50%, destacando as dificuldades da inserção profissional das mulheres no meio acadêmico. Segundo o relatório, isto se deve ao famoso “teto de vidro”, que torna inacessível para as mulheres alcançar os mais altos cargos dentro das universidades, já que os esquemas de estabilidade de emprego continuam privilegiando os homens. Esta situação tornou-se evidente com a irrupção da COVID-19 no campo científico, onde as mulheres representam apenas 25% dos especialistas que lideram equipes de pesquisadores em todo o mundo, de acordo com os números da Organização Mundial do Trabalho (OIT).
Ciência Ibero-americana com equidade de gênero: o compromisso da OEI
Com a implementação de seu novo plano de ação para o biênio 2021-2022, a OEI destaca a educação inclusiva como uma das suas linhas de trabalho para incentivar a participação de meninas e mulheres jovens na ciência. Neste sentido, foi lançado o primeiro Encontro Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, com a Rede Equatoriana de Mulheres Cientistas e o Museu Interativo de Ciência do Equador, onde mais de 25 acadêmicas e pesquisadoras das Américas e da Europa analisarão o papel das mulheres na ciência e na tecnologia. O encontro, de acesso livre e gratuito, pode ser seguido até 13 de fevereiro.
Também será realizado no Equador o XIII Congresso Ibero-americano de Ciência, Tecnologia e Gênero, em formato on-line, de 14 a 16 de julho deste ano, e poderá ser seguido em toda a Ibero-América via streaming. Organizado com o Centro Internacional de Estudos Superiores de Comunicação para a América Latina (CIESPAL), o congresso reunirá especialistas reconhecidos na área e discutirá temas como a interferência da COVID-19 na visibilidade das mulheres cientistas ou o surgimento de novas disciplinas como o ecofeminismo
Por outro lado, na Costa Rica, será lançado um estudo para determinar os novos indicadores necessários para medir a equidade de gênero na ciência do país, através do projeto «Sistema de Monitoramento e Avaliação da Política Nacional para a Igualdade entre Mulheres e Homens em Ciência e Tecnologia». Estes indicadores servirão para melhorar a tomada de decisões de alto nível visando a inclusão de meninas e jovens em campos científicos no país centro-americano.
Por último, a OEI realizou recentemente a primeira versão da Noite Ibero-americana d@s Pesquisador@s, uma iniciativa para tornar visível o trabalho das cientistas da região, e que, entre muitas outras, contou com a participação de destacadas pesquisadoras ibero-americanas, como Pilar Moreno, do Instituto Pasteur de Montevidéu, que liderou a equipe que desenvolveu 10 mil kits de diagnóstico da COVID-19 no início da crise naquele país; ou Patricia Arcia, pesquisadora uruguaia que lidera projetos para o aproveitamento de subprodutos agroindustriais. Para Arcia, “este evento é extremamente positivo”, já que “é um bom exercício social sair da bolha das reuniões e divulgar nosso trabalho em uma linguagem clara para todos, especialmente se pudermos incentivar as meninas e as jovens que estão nos ouvindo”, destacou.
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