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Formação tecnológica de professores, reforma curricular e economia do conhecimento: algumas questões chave para a educação de amanhã na Ibero-América

Formación tecnológica del profesorado, reforma de los currículos y economía del conocimiento: algunas claves para la educación del mañana en Iberoamérica
Publicado el 23 Feb. 2021

A Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) fez a apresentação online do livro A Educação de Amanhã: Inércia ou Transformação? que aborda, entre outras questões, as incertezas e desafios da educação que a pandemia revelou - ainda mais - numa região que retrocedeu 15 anos na sua luta contra a pobreza devido à COVID-19.

Esta terça-feira, 23 de fevereiro, a OEI apresentou o livro A Educação de Amanhã: Inércia ou Transformação?, uma publicação que recolhe os contributos de um grupo de prestigiados especialistas em educação de toda a região ibero-americana, que fazem parte do Conselho Consultivo da organização.

O livro centra-se em questões que, como resultado da pandemia do coronavírus, foram levantadas por professores, equipas de direção, pais, alunos e sociedade em geral: Como será a educação no ano 2030? A escola como a conhecemos existirá até ao final da década?  

O evento contou com a presença do Secretário-Geral da OEI, Mariano Jabonero, Otto Granados, Presidente do Conselho Consultivo e coordenador do livro, ex-Secretário da Educação Pública do México. Vários dos autores também intervieram: Emiliana Vegas, do Centro para a Educação Universal de Brookings; María Helena Guimarães, presidente do Conselho Nacional de Educação do Brasil; e José Joaquín Brunner, professor na Universidade Diego Portales, no Chile.

Nas palavras de Mariano Jabonero, “o texto é uma obra coletiva, de conhecimento partilhado por vinte e um autores de alto nível, de cooperação, com uma visão de futuro, também concebida a partir de uma colaboração muito estreita com os governos da região”. Neste sentido, o Secretário-Geral da OEI recordou que o livro foi apresentado aos 23 Ministérios ibero-americanos da Educação no último Conselho Diretivo da organização, realizado em dezembro de 2020. Assim, este trabalho é uma importante contribuição da OEI para os governos nacionais em termos de contributos qualificados a fim de repensar a educação na Ibero-América uma vez ultrapassada a crise. 

Por sua vez, Otto Granados salientou que é necessário “progredir para uma normalidade transformadora“, ou seja, é necessário “imaginar como a educação se baseará nas múltiplas inovações do nosso tempo, bem como reconhecer os desafios e promover um diálogo sobre como melhorar verdadeiramente a educação na região”. Granados salientou que uma das principais características desta publicação é a “abordagem diversificada dos autores a partir de perspetivas tão diferentes como históricas, filosóficas, ou mesmo a partir da inteligência artificial“. 

Emiliana Vegas, por sua vez, declarou que “devemos compreender as necessidades de cada sistema educativo; utilizar as evidências mais rigorosas sobre as intervenções que respondem às suas condições, e monitorizar os resultados dos projetos-piloto antes de os expandir para o resto do sistema”. Para tal, salientou o valor deste livro na medida em que “devemos traduzir as evidências para uma linguagem acessível e relevante para os decisores“. 

Maria Helena Guimarães salientou que “o maior desafio agora é formar professores, uma vez que eles não têm conhecimentos tecnológicos”. Segundo a socióloga, “o maior benefício da pandemia tem sido quebrar a barreira entre professores e tecnologia”. Recordou também que o Brasil analisou as iniciativas de outros países e as tendências mais gerais na região para organizar o ensino híbrido durante os meses mais difíceis da pandemia. “A revisão do currículo foi um grande avanço no Brasil, de forma que as escolas estão agora a simplificá-lo para alcançar dois anos num só“, disse.

Segundo José Joaquín Brunner, “o processo de massificação das universidades na América Latina é imparável, com taxas brutas de acesso de 80% a 90%, mas com taxas muito elevadas de abandono escolar no ensino superior. Para o professor, “esta é a geração enganada“, enquanto assinala que “a história das grandes pandemias mostra que o maior impacto é a forma como os significados e os sentidos da vida em sociedade são redefinidos“. 

Este livro faz parte de uma série de publicações lideradas pela OEI com o objetivo de refletir e trazer à discussão os efeitos e desafios deixados pela pandemia para a educação ibero-americana. Entre outros, destaca-se o relatório publicado em outubro passado intitulado “Ensino superior, competitividade e produtividade na Ibero-América”, ou o relatório realizado em conjunto com a Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas (CEPAL) sobre a empregabilidade dos jovens da região, intitulado “Educação, juventude e trabalho: aptidões e competências necessárias num contexto de mudança”.

 

Publicado el 23 Feb. 2021