OEI analisa o estado da produtividade e competitividade da Ibero-América
• Nesta manhã, a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) apresentou o relatório Ensino Superior, Competitividade e Produtividade na Ibero-América, com a participação do secretário-geral da OCDE e da ministra de Relações Exteriores, União Europeia e Cooperação da Espanha.
Nesta manhã, a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) apresentou o relatório Ensino Superior, Competitividade e Produtividade na Ibero-América, publicado por seu Instituto Ibero-Americano de Educação e Produtividade, que analisa a situação atual da educação universitária na região e sua capacidade de promover a inovação e a competitividade no meio empresarial ibero-americano.
A apresentação do relatório, realizada na Casa de América em Madri, contou com a participação de Mariano Jabonero, secretário-geral da OEI; Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE; Arancha González Laya, ministra de Relações Exteriores, União Europeia e Cooperação da Espanha, e Enrique Iglesias, primeiro secretário-geral ibero-americano. Os autores do estudo, os acadêmicos Germán Ríos e Victoria Galán-Muros, também participaram do evento.
Mariano Jabonero, secretário-geral da OEI, destacou o papel fundamental das universidades como força motriz da inovação e da pesquisa na Ibero-América, pois ambos os fatores “são desenvolvidos em 60% de nossas universidades”. Também ressaltou que “é hora de enfrentar o déficit histórico em matéria de produtividade, agravado pela pandemia”, um desafio que deve ser superado através da educação, “o recurso mais estratégico e sustentável que a região tem”. O momento é aqui e agora”.
Por sua vez, Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE, sublinhou que “o atraso da região é enorme” e que “a produtividade na Ibero-América está estagnada: representa apenas 38% da produtividade média da OCDE“. Garantiu que para superar este atraso é preciso o envolvimento de todo o sistema de ensino superior, que deve “estimular o espírito empreendedor dos jovens”. Em suas palavras, “nossos jovens devem deixar de ser as principais vítimas da pandemia e tornar-se os principais reconstrutores da Ibero-América, uma Ibero-América resiliente, inclusiva, sustentável, unida e forte.”
A ministra das Relações Exteriores da Espanha, Arancha González Laya, ressaltou que “o relatório demonstra um descompasso significativo entre o que o mercado demanda e o que o sistema educacional oferece, “e essa é a lacuna que precisa ser preenchida”. A chefe da diplomacia espanhola enfatizou que “os governos ibero-americanos deveriam regulamentar melhor os doutorados industriais e a formação profissional dual”, bem como promover “a parceria público-privada para sair da crise com transformação”.
Enrique Iglesias, o primeiro secretário-geral ibero-americano, afirmou que, embora hoje tenhamos mais de 35 milhões de estudantes, “devemos à América Latina trazer o debate das universidades para estes espaços“.
A competitividade, a disciplina pendente
Uma das principais constatações do estudo indica que a produtividade na América Latina diminuiu nos últimos 50 anos e é baixa em todos os setores, gerando um “atraso competitivo” em comparação com os países da OCDE. O relatório também aponta que parte do problema reside na debilidade institucional do ambiente produtivo em que as empresas da região atuam, o que se traduz em problemas nas políticas de concorrência, no acesso aos fatores de produção e colaboração interempresarial, na educação, nos mercados de trabalho e no acesso ao financiamento.
Neste sentido, Victoria Galán-Muros, diretora executiva do Innovative Futures Institute e recentemente nomeada chefe de estudos e análises da Unesco-IESALC, destacou que “somente uma ação coordenada entre universidades, governos e indústria pode fechar a lacuna de competitividade“. O relatório recomenda a atualização dos currículos universitários, assim como a “aprendizagem ao longo da vida”.
Germán Ríos, diretor do Observatório Latino-Americano do Instituto de Empresa, ressaltou que “as empresas requerem habilidades brandas, como o trabalho em equipe e o pensamento crítico, e os graduados não as possuem.
Outro problema detectado é o alto nível de informalidade no mercado de trabalho, que afeta cerca de 50% dos empregados em toda a região. O estudo também revela que, com o surgimento da pandemia, o desemprego juvenil se tornou um grave problema social na região, já que muitos jovens abandonam o ensino médio para tentar, sem sucesso, entrar no mercado de trabalho. Quanto à abordagem de gênero, o estudo indica que, embora as mulheres estejam ganhando espaço na força de trabalho ibero-americana, as taxas de desemprego feminino são mais altas do que as de desemprego masculino.
O estudo conclui destacando que na região se investe pouco no desenvolvimento de novas tecnologias, o que deve ser corrigido nos próximos anos com mais recursos para a formação de capital humano em áreas como inovação, pesquisa e desenvolvimento.