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OEI realiza, pela primeira vez, Reunião de Alto Nível de Cultura da Ibero-América

OEI realiza, pela primeira vez, Reunião de Alto Nível de Cultura da Ibero-América

Estabelecer diálogo entre os principais atores institucionais e governamentais da área de cultura da Ibero-América para ampliar o fomento e a economia criativa. A medida faz parte dos principais objetivos da Reunião de Alto Nível de Representantes Ministeriais e Institucionais de Cultura da Ibero-América. O encontro, realizado pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) pela primeira vez, ocorre dias 03 e 04 de julho, em São Paulo.

Durante dois dias, vice-ministros de Cultura e secretários de Cultura de governos, além de diretores de fundações culturais de 18 países se reunirão discutir as prioridades da área na Ibero-América. A reunião é presidida pelo secretário-geral da OEI, Mariano Jabonero, acompanhado da diretora-geral de Cultura da OEI, Luz Amparo Medina, e do chefe da representação da OEI no Brasil, Raphael Callou.

Na avaliação do secretário-geral da OEI, os países ibero-americanos possuem um terreno fértil para o desenvolvimento cultural, social e econômico. “Os países aqui reunidos mostraram um interesse concreto em desenvolver conjuntamente projetos culturais. As 18 alianças firmadas na Reunião tornarão possível a realização dos nossos objetivos”, afirma Mariano Jabonero.

A iniciativa faz parte da agenda de atividades da Organização e está em consonância com seus três principais eixos de atuação: educação, ciência e cultura. O diálogo cultural reflete o trabalho conjunto desenvolvido pelos os 23 países que fazem parte da OEI. A expectativa é que os resultados das discussões estabeleçam as linhas de atuação em cultura na região para os próximos anos.

De acordo com o diretor da OEI no Brasil, o evento é relevante nos aspectos técnico e institucional porque tem como objetivo articular a cadeia de economia criativa da cultura. “Articulando tanto agentes públicos quanto privados como também agências de fomento e empresas que contribuem para o desenvolvimento da economia na região”, completa Raphael Calllou.

A reunião abordará como eixos temáticos a Carta-Cultural Ibero-americana, a relação da cultura com a agenda 2030. Também fazem parte dos painéis o debate sobre o financiamento da cultura e a construção da cidadania e a transformação das políticas culturais.

O encontro contextualiza questões atuais como as indústrias culturais e criativas. No Brasil, as atividades culturais e criativas geram 2,64% do PIB brasileiro, conforme estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2016), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013).

“A cultura é dinâmica por natureza e é afirmação da construção contínua. E esse cenário exige de nós, gestores públicos e privados, um olhar atento para todas as suas expressões. Se não cabe a nós, autoridades, estabelecermos os modos de se fazer cultura, temos a responsabilidade de dar suporte para o setor cultural e criar meios e condições favoráveis para que a área possa se desenvolver”, explica Henrique Pires, Secretário Especial de Cultura de Brasil.

Essa participação no PIB é superior à de setores tradicionais que costumam ser mais reconhecidos pelo governo e pela sociedade como contribuintes do desenvolvimento do país, como as indústrias têxtil e de eletroeletrônicos. Em todo o mundo, as indústrias culturais e criativas geram US$ 2,25 bilhões de renda e empregam 30 milhões de trabalhadores, segundo dados da UNESCO.

Outro foco relevante da programação é o papel da cultura no desenvolvimento das cidades e a proteção dos direitos autorais e da propriedade intelectual no contexto da era digital. A relação entre educação, arte e cultura e os desafios da gestão cultural na Ibero-América também fazem parte das discussões na Reunião.

Durante dois dias de encontro, a ideia é aprimorar as recomendações da Carta Cultural da Ibero-América, em consonância com a Agenda 2030 dos Objetivos Desenvolvimento Sustentável (ODS). A Carta é o principal instrumento de política cultural de maior importância e alcance na Ibero-América.

As rodadas de discussões são lideradas por vice-ministros de cultura, secretários de cultura dos governos locais e diretores de fundações que trabalham em projetos culturais na Ibero-América. A abertura dos trabalhos foi precedida de uma confraternização cultural, na noite de 02 de julho.

“O objetivo é proporcionar cultura como atividade de alargamento da obra humana e como atividade da indústria criativa que gera renda, empregos, qualificação, prestígio e atração para cidades, estados e países”, diz a Embaixadora Marcia Donner, Secretária de Comunicação e Cultura do Ministério de Relações Exteriores do Brasil.

As discussões serão relatadas e organizadas em um relatório que será integrado às discussões do Programa-Orçamento da OEI (2019-2020) e será entregue às autoridades presentes.

A Reunião de Alto Nível de Representantes Ministeriais e Institucionais de Cultura da Ibero-América acontece em um momento importante para a OEI. Neste ano, a Organização celebra os seus 70 anos de atividades – momento em que atua principalmente na relação sul-sul, com mais de 600 projetos de cooperação em curso na região. Uma estratégia que permite o desenvolvimento conjunto entre países em desenvolvimento em resposta a desafios comuns para a Ibero-América.

Confira como foi o primeiro dia de debate

Fotos: Ricardo Guzzo