Conferência em Lisboa comemora 500 anos da morte de Antonio de Nebrija
A Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), a Embaixada de Espanha em Portugal e o Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA-FCSH) organizaram, no âmbito das Comemorações do V Centenário da morte de António de Nebrija, a conferência “Nebrija: O Império das Línguas”, que teve lugar na NOVA FCSH.
Esta iniciativa contou com a intervenção de Darío Villanueva, membro da Comissão Interadministrativa Nacional V Centenário Nebrija e membro da Real Academía Española, de Gabriela Gândara Terrenas, Coordenadora do Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas Modernas da NOVA-FCSH, de Ana Paula Laborinho, Diretora do Escritório da OEI em Portugal e com a moderação de Maria Fernanda de Abreu, investigadora do NOVA-CHAM e membro da Real Academía Espanõla.
A sessão contou com a presença de cerca de 50 pessoas, nomeadamente representações diplomáticas, parceiros, académicos e alunos do Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas Modernas da NOVA-FCSH.
Darío Villanueva realçou o grande valor humanitário de Nebrija pelo reconhecimento, apoio e valorização da diversidade linguística. Referiu que o autor da gramática castelhana não foi o ideólogo de uma língua imperial espanhola. Foi, antes, com o seu modelo de gramáticas que dezenas de línguas indígenas da América, tais como aimará, quiché, cacique, guarani e quéchua, começaram a ser escritas.
Ana Paula Laborinho agradeceu a presença de Darío Villanueva e referiu a expetativa com que os presentes esperavam a sua comunicação. Sublinhou a relevância de se celebrarem os humanistas, a preservação e a identidade linguísticas e o conhecimento aprofundado das línguas, essencial na construção de conhecimento, de que Nebrija e a sua obra são exemplos significativos.
Antonio de Nebrija (1441-1522) foi o primeiro humanista hispânico. Famoso pela sua gramática castelhana (1492), a primeira gramática escrita numa língua europeia moderna, Nebrija foi o introdutor do humanismo renascentista italiano na Península Ibérica no início da década de 1470. Como polímata, trabalhador incansável e homem talentoso, os seus campos de atividade não se limitaram à língua espanhola e às línguas clássicas (latim, grego e hebraico), mas abrangeram amplas áreas culturais: Nebrija foi gramático, tradutor, exegeta bíblico, professor, catedrático, lexicógrafo, linguista, escritor, poeta, historiador, cronista régio, educador, impressor e editor. Os seus textos abordam áreas tão diversas como o direito, a medicina, a astronomia ou a pedagogia. O seu legado foi e é extremamente influente não apenas na Espanha, mas também na Europa e na América – as gramáticas europeias e a preservação das línguas indígenas ameríndias devem muito a Nebrija.
Nos anos de 2022 e 2023, celebra-se o V Centenário da sua morte. O “Ano Nebrija 2022”, com validade nestes dois anos, trata-se de um projeto plural promovido por diferentes instituições, com o objetivo de salientar a importância de divulgar e promover a figura de Nebrija tanto em Espanha como no resto do mundo.
Nebrija viveu em 18 cidades diferentes, e em todas elas haverá atividades para comemorar o V Centenário, assim como na capital espanhola, Madrid, e em muitas outras cidades do globo, como é o caso de Lisboa. Entre as atividades mais importantes previstas estão uma grande exposição na Biblioteca Nacional da Espanha (com uma parte replicável que será exibida noutros países através dos Institutos Cervantes), a publicação de livros, um romance sobre a sua vida, um longa-metragem e uma série documental em dois episódios para a televisão espanhola.