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Jorge Sampaio defende reforço do ensino superior no combate à crise

“Não podemos dar-nos ao luxo de perder uma geração de diplomados universitários, em todo o mundo, por causa da Covid-19”.

“Não podemos dar-nos ao luxo de perder uma geração de diplomados universitários, em todo o mundo, por causa da Covid-19”. É o apelo do ex-Presidente da República Portuguesa e Presidente da Plataforma Global para os Estudantes Sírios, Jorge Sampaio.

Num texto assinado no site da plataforma, o antigo chefe do Estado português identifica as necessidades prementes geradas pela crise e realça o papel da educação e particularmente do ensino superior no mundo que queremos reerguer da pandemia.

“Em tempos de crise, o ensino superior tende a ser negligenciado. Como as famílias adotam frequentemente estratégias de sobrevivência e as despesas com a educação são relegadas para segundo plano, o ensino superior também deixa de ser prioritário para os governos. Estas tendências geralmente criam défices a longo prazo e afetam a preservação do capital humano e a procriação de gerações perdidas de licenciados. Como a pandemia de coronavírus envia ondas de choque pelo mundo inteiro, toda uma geração está em risco de se perder em todos os países”, escreve, apontando o caminho:

“Para evitar que isto aconteça, é necessária uma ação coletiva corajosa que garanta que os estudantes em condições vulneráveis são apoiados – estudantes de famílias de baixos rendimentos, refugiados de todos os tipos (deslocados internos e externos), migrantes forçados ou estudantes em sociedades afetadas por conflitos. No conjunto, a diminuição esperada dos fluxos de ajuda internacional como o financiamento por doadores privados e filantrópicos, os recursos públicos disponíveis a nível nacional, juntamente com a redução das propinas cobradas pelo ensino superior irão moldar uma situação extremamente difícil”.

Jorge Sampaio defende que “proporcionar oportunidades de educação terciária que fortaleçam os jovens, aumentem a sua resiliência e reforcem as suas capacidades para prosperar e construir esperança para o futuro é o único caminho para assegurar progresso e prosperidade para todos”.

“O ensino superior é um verdadeiro catalisador da coesão social, do progresso da sociedade e do desenvolvimento humano”, afirma, tendo como base os dados disponíveis que mostram que os retornos privados e sociais do ensino terciário são de 12,4% nos países de elevado rendimento, mas, nos países em desenvolvimento, a taxa de retorno social é de 16,4%.

Em conclusão, Jorge Sampaio, que foi também Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, afirma que “nos nossos tempos de crise global, temos realmente de nos preparar para um grande impulso no sentido de mais apoio e investimentos no ensino superior, a fim de proteger e promover o capital humano. Para que isso aconteça, precisamos de um fundo de emergência e de instrumentos de financiamento inovadores e rápidos, para evitar a propagação global do abandono escolar no ensino superior e a rutura do sistema de ensino superior como um todo”.