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Cinco ministros da Educação ibero-americanos conversam sobre as experiências e aprendizagens durante a pandemia

Publicado el 12 Oct. 2020

Os ministros e a ministra discutiram as medidas que se implementaram nos seus países no âmbito educativo, devido à crise da COVID-19, e as aprendizagens e as experiências.

Sob o título “Políticas educativas para a escola que virá: decidir a incerteza”, teve lugar um encontro entre quatro ministros e ministras e um vice-ministro de diferentes países ibero-americanos: Maria Victoria Angulo (Colômbia), Carlos Martín Benavides Abanto (Peru), Pablo da Silveira (Uruguai), Tiago Brandão Rodrigues (Portugal) e Ricardo Cardona Alvarenga (vice-ministro da Educação de El Salvador).

O ciclo, que faz parte do projeto La escuela que viene. Reflexión para la acción, foi organizado pela Fundación Santillana, em colaboração com a OEI.

Os ministros e a ministra abordaram assuntos relacionados com as medidas que se implementaram nos seus países no âmbito educativo, devido à crise da COVID-19, e com as aprendizagens e as experiências de cada uma das suas administrações, para que os cerca de 1500 espetadores pudessem conhecer o que se fez e os resultados obtidos.

Portugal e o Uruguai, por exemplo, decidiram regressar às aulas, não sendo, neste último país, obrigatória a presença do aluno, com horários e grupos reduzidos, e com a continuidade de apoios online. Ao contrário da Colômbia, Peru e El Salvador, cuja frequência nos centros educativos não será retomada até ao início de 2021.

O encontro iniciou-se com as palavras de Mariano Jabonero, Secretário-Geral da OEI: “Esta atividade e a nossa participação nela faz parte do que creio que devemos fazer na educação: oferecer soluções e experiências. A nossa abordagem através destes encontros não é regressar à inércia do passado, mas sim pensar num futuro transformador da educação. O antes não foi eficaz, por isso temos de fazer com que o futuro seja melhor.”

Dirigido por Miguel Barrero, diretor da Fundación Santillana, o encontro girou à volta dos temas: o impacto da crise educativa em cada um dos países dos participantes em diálogo e as aprendizagens obtidas. “A pandemia serviu para acelerar a reflexão sobre alguns temas que já eram importantes, como o currículo e a aprendizagem e as formas de valorizá-lo”, comentou Barrero.

 

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Colômbia: reduzir o abandono escolar

A ministra da Colômbia contextualizou a situação em que o seu país vive: “Já temos publicado protocolos para as aulas regressarem, e agora queremos criar confiança entre o corpo docente e a direção, mas o regresso será gradual e progressivo, especialmente nas zonas rurais. Agora, o desafio que temos daqui para a frente é materializar ações para reduzir o abandono escolar e prestar um grande apoio socioemocional aos alunos e às suas famílias”.

Peru: aprende com o quotidiano

O Peru também não retomou as aulas presenciais. Desde que começou a pandemia, o país demorou aproximadamente três semanas a colocar em marcha uma estratégia educativa que incorporou a televisão e a rádio como formas de chegar aos estudantes. “As nossas prioridades desde o início foi não sobrecarregar os alunos com muita atividade educativa e trabalhar as competências socioemocionais. Apresentámos a oportunidade de os estudantes aprenderem com o quotidiano. Também queríamos chegar àquela população que não conseguia conectar-se. Agora, nesta segunda fase, estamos a preparar-nos para voltar às aulas presenciais”.

El Salvador: formação do corpo docente

El Salvador fundamentou a sua estratégia em garantir que os professores poderiam contactar com os seus alunos, “mesmo indo às suas casas”, disse o vice-ministro da Educação. “Focámo-nos de forma multimodal: digitalização de conteúdos (algo que, em qualquer caso, já tínhamos vindo a trabalhar antes) e recurso à televisão e à rádio. Entretanto, temos continuado com a formação do nosso corpo docente, capacitando mais de 50.000 professores para o uso de algumas plataformas”.

Portugal: consolidar aprendizagens prévias

Tiago Brandão, ministro da educação de Portugal, um dos países com um sistema de educação mais aplaudido internacionalmente, explicou que, no seu país, já regressaram às aulas, “as primeiras cinco semanas foram dedicadas a consolidar aprendizagens prévias e foram colocados à disposição das escolas mais 3.300 professores e 1.000 técnicos de intervenção”. Brandão aposta numa maior flexibilidade curricular, garantindo a aprendizagem essencial em termos de quantidade de conhecimentos e desenvolvimento de competências básicas. Portugal dedicou também a sua atenção aos alunos com necessidades especiais e em situação de risco.

Uruguai: uso intensivo de tecnologia

No Uruguai, a pandemia surgiu duas semanas depois da chegada de um novo governo, mas com grande capacidade de reação. “Desde o início que apostámos num uso intensivo da tecnologia. A 22 de abril, voltámos às aulas de maneira gradual e mudámos rapidamente para um modelo misto, com ensino presencial e ensino a distância. A tecnologia, por si só, não terá sido a solução, porque demos conta de que quem usufruía mais dela eram os setores mais fortes do ponto de vista cultural, económico e social. Agora, já pensamos em voltar às aulas presenciais, mas esta é uma estratégia faseada”.

Modelo misto de educação e “a história interminável”

Os ministros concordaram de forma unânime que o modelo misto chegou para ficar e que a necessidade de inovar nesta crise se tornou evidente.

Valorizaram a participação da família na educação dos seus filhos de uma maneira mais intensa nestes momentos de crise e concordaram que as experiências de alguns países ajudam muito a implementar medidas noutros, pelo que este encontro foi fundamental para que eles melhorassem as suas políticas educativas.

A capacidade de os estudantes trabalharem de forma autónoma foi outra das grandes aprendizagens destacadas pelos ministros, assim como a incorporação do quotidiano na aprendizagem. Brandão destacou que, a partir de agora, deve haver uma reorganização do currículo. “Os professores devem estar preparados para as mudanças. Agora, temos que ser práticos e pragmáticos”. E insistiu: “A questão do currículo para a frente e para trás é como o filme A História Interminável: nunca acaba”.

Amanhã, dia 13 de outubro, terá lugar uma segunda parte deste ciclo, pelas 16H (GMT +1), transmitido através do canal de Youtube da Fundación Santillana. Contará com a participação de Felicitas Acosta, investigadora docente da Universidad Nacional de General Sarmiento (Argentina), Fernanda Luna, subcoordenadora de Investigação e Desenvolvimento do Escritório para a América Latina do IIPE UNESCO (Argentina), Juan Manuel Moreno, principal especialista de educação do Banco Mundial (Espanha), e Renato Opertti, diretor da Escuela de Postgrados de la Universidad Católica (Uruguai). Alejandra Cardini, diretora de educação do CIPPEC (Argentina), moderará a mesa.

Poderá inscrever-se aqui.

Publicado el 12 Oct. 2020