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OEI FOCA-SE NO POTENCIAL DO ESPANHOL E DO PORTUGUÊS PARA A RECUPERAÇÃO DAS ECONOMIAS PÓS-COVID

OEI CONCENTRA-SE NO POTENCIAL DO ESPANHOL E DO PORTUGUÊS PARA A RECUPERAÇÃO DAS ECONOMIAS PÓS-COVID   A OEI organizou o

A OEI organizou o e-forum “Potencial das línguas na recuperação das economias: espanhol e português” para discutir o papel da língua nos negócios, o seu desenvolvimento como competência laboral e a sua importância no mundo da tecnologia. Neste contexto de crise, o Secretário-Geral da Organização dos Estados Ibero-americanos, Mariano Jabonero, salientou que «a língua é a melhor garantia de uma vida futura com capacidade para o bem-estar. O evento contou, entre outros, com a participação dos Institutos Cervantes e Camões e o apoio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) promoveu, esta quinta-feira (02 de julho), em colaboração com o Camões I.P. e o Instituto Cervantes, o e-Fórum “Potencial das línguas na recuperação das economias: espanhol e português”. Este e-Fórum teve dois painéis, um em Lisboa e o outro em Madrid, e contou com a presença do presidente do Camões IP, Luís Faro Ramos, do diretor do Instituto Cervantes, Luís Garcia Montero, dos professores Luís Reto e José Luís Garcia Delgado, do secretário-geral da OEI, Mariano Jabonero e da diretora a OEI Portugal, Ana Paula Laborinho. A moderar o debate estiveram as jornalistas Estela Viana, em Madrid, e Maria Flor Pedroso, em Lisboa.

A relação entre as línguas e as economias, como facilitadora dos negócios, nesta era de pandemia, foi o principal foco do debate. Com mais de 800 milhões de falantes de espanhol e português em todo o mundo, o secretário-geral da OEI, Mariano Jabonero iniciou os trabalhos apontando para a importância destes números e para o facto de que a região ibero-americana conta com um grande “potencial artístico, cultural e também económico” e por isso, “devemos valorizar aquilo que nos une».

“É através dessa valorização das duas línguas que valorizamos e empoderamos os seus falantes pois damos-lhe mais capacidade para intervirem nesse mundo global. Muitas vezes, as nossas línguas não são suficientemente valorizadas e a verdade é que a sua dimensão já é suficientemente significativa para terem um papel cada vez maior neste mundo global”, referiu a diretora da OEI em Portugal. No entanto, Ana Paula Laborinho ressalvou que “pesar de valorizarmos estas duas línguas, a verdade é que não podemos deixar de reconhecer a importância de todas a línguas e a importância da diversidade cultural e linguística (…). É uma competência, também, e é um traço essencial na própria economia.” 

As economias mundiais, e em especial as economias dos países do espaço ibero-americano, atravessam um dos períodos mais negros da história do planeta devido à pandemia causada pelo novo coronavírus. Nesse sentido, o diretor do Instituto Cervantes, Luis García Montero, afirmou que esta pode ser uma oportunidade para os países ibéricos, para que “Espanha e Portugal lideram este processo a partir da Europa, pensando no progresso em termos de solidariedade democrática que tornará a riqueza mais justa. Esta é uma oportunidade para inverter uma situação que, antes do coronavírus, nos conduzia ao abismo, com uma distância crescente entre elites e maiorias empobrecidas nas nossas comunidades». O diretor do Instituto Cervantes defendeu, ainda, que o português e o espanhol podem assumir um papel central na consolidação dos valores democráticos, na era que se seguirá à pandemia da Covid-19. «Devemos transformar as nossas línguas numa área de consolidação dos valores democráticos e que valor democrático maior do que a sensação de ser uma língua materna com uma comunicação aberta de identidades no novo mundo digital que se está a abrir diante de nós», afirmou Luis García Montero.

 

Estas novas oportunidades que nos surgem, nestes tempos de pandemia, podem ser aproveitadas para transmitir os valores e a cultura que estão impressas nas línguas espanhola e portuguesa. Esses valores intangíveis e as várias dimensões das línguas designadamente a política, a cultural, a social, “são também muito importantes e às vezes mais lucrativas do que transações meramente comerciais ou investimentos financeiros e, sobretudo, de maior duração no tempo”, referiu o presidente do Instituto Camões, Luís Faro Ramos.

O professor do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), Luís Antero Reto, autor do estudo sobre o potencial económico da língua portuguesa e do recém-publicado livro “O essencial sobre a Língua Portuguesa como Ativo Global”, destacou que “esta situação pós-pandemia, é uma boa oportunidade para aumentar as trocas dos serviços e bens culturais como a gastronomia, como as artes (…), porque, felizmente, esses produtos e esses bens não estão taxados pelos blocos económicos, ou seja, não estamos sujeitos a países terceiros como nos produtos comerciais.”

Para o professor José Luis Garcia Delgado, da Universidade Complutense de Madrid e coordenado do estudo sobre o valor económico do espanhol, este é um período importante que pode trazer muitas vantagens para as línguas portuguesa e espanhola pois “não partilhar uma língua aumenta o custo da presença no mercado. 1/3 das empresas exportadoras aumentam o seu volume de negócios em mais de 1% devido à adaptação dos produtos e campanhas de marketing noutra língua. A necessidade de operar noutra língua representa mais de 1% do seu volume de negócios, o que não é um valor baixo quando estamos a falar de empresas com um volume de negócios de milhares de milhões de euros». Além disso, o estudioso acrescentou que a linguagem não é apenas feita de palavras, mas também atitudes e comportamentos. Nas suas próprias palavras, disse que «partilhamos, em parte, um conjunto de componentes culturais que facilitam a compreensão, a confiança, e em economia não há palavra mais importante do que esta: confiança. Investir, assumir riscos, inovar…».

E porque na base do desenvolvimento de qualquer economia está uma boa educação, o secretário-geral da OEI, Mariano Jabonero não quis deixar de destacar o forte impacto da pandemia no ensino, em todo o espaço ibero-americano e como a Organização assumiu o dever de ajudar a minimizá-lo. “Durante a pandemia, 180 milhões de crianças ficaram sem aulas. Isto tem um impacto muito sério, traduzindo-se em piores oportunidades para eles no futuro. A partir da OEI, sabíamos que podíamos alcançá-los com recursos digitais, mas muitos deles não tinham acesso à Internet. Por exemplo, na América Central, são cerca de 80% dos estudantes. 

Isto aprofunda as nossas desigualdades. É por isso que o reforço da linguagem na primeira infância é um grande compromisso da OEI. A língua é a melhor garantia de uma vida futura com capacidade para o bem-estar.”

O e-Fórum “Potencial das línguas na recuperação das economias: espanhol e português” vem no seguimento da Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE 2019), uma iniciativa da OEI que se realizou, pela primeira vez em Lisboa nos dias 21 e 22 de novembro de 2019. Decidiu-se, na época, que seriam organizados fóruns temáticos de modo a aprofundar os eixos considerados prioritários para a promoção das duas línguas.

Com a chegada da pandemia da Covid-19, o Fórum “Línguas e Economia”, previsto para o dia 05 de junho na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa foi adiado para 2021.

  • Podem consultar o vídeo do e-Fórum Aqui