OEI recebe Seminário Latino-americano de Políticas Públicas para Inclusão Digital, com palestra de Miguel Nicolelis
Na palestra de abertura, o cientista Miguel Nicolelis falou sobre a ciência como agente de transformação social.
A Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI) recebeu dias 18 e 19.07 a terceira sessão do “Seminário Latino-Americano de Políticas Públicas para Inclusão Digital”, com o tema “Desenvolvimento industrial e sustentabilidade ambiental e social”, promovido pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), o Instituto Lula e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT/MCTI).
Especialistas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, México, Peru, Panamá e Uruguai debateram temas transversais às políticas públicas de inclusão digital, como Semicondutores, Indústria 4.0, Parques Tecnológicos, Economia Digital, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Software Livre, Conectividade e Políticas de Desenvolvimento Nacional, entre outros. O objetivo é promover ações conjuntas entre os países, além do investimento em pesquisa de acordo com os projetos de governo de cada país.
Para Tiago Braga, diretor do Ibict, a participação dos parceiros do evento aprofunda a temática e amplia a integração da América Latina. “Esse aprofundamento busca evidenciar políticas de governos, mas sabemos que existe a necessidade de avançar e manter as estruturas ambientais, econômicas e sociais capazes de sustentar a sociedade nos próximos anos. Acreditamos muito que isso só será possível por meio do acesso à informação e da apropriação de tecnologia como matéria-prima para o desenvolvimento nacional. Essa transformação só é possível através da transformação de pessoas».
O primeiro dia do seminário contou com a palestra de abertura do cientista brasileiro Miguel Nicolelis, que abordou a ciência como agente de transformação social. Atualmente, o neurocientista é professor da Universidade Duke, nos Estados Unidos, e estuda como integrar o cérebro humano a máquinas, com pesquisas que desenvolvem próteses neurais para a reabilitação de pacientes que sofrem de paralisia corporal.
Durante a palestra, Nicolelis apresentou a sua visão sobre o fazer da ciência. Para ele, a ciência deve ser voltada para resolver problemas da sociedade. “Para que a ciência possa ser um agente de transformação social, primeiro precisamos ter a utopia, o sonho. Você tem que criar um vírus informacional que infecta outras mentes, que passam a acreditar que é possível essa loucura, de criar algo que não existe”, diz o cientista, ao abordar a trajetória de sua pesquisa no campo da neurofisiologia e o impacto social das atividades de seu instituto.
Abordando as consequências do agravamento das desigualdades econômicas, sociais e educacionais, como o acesso a equipamento tecnológicos para as aulas virtuais, na região ibero-americana em virtude da pandemia do Covid-19, Raphael Callou, diretor da OEI, falou sobre a importância da articulação e cooperação. “Mais do que nunca, a ferramenta para superar os desafios é, sem dúvida, a promoção de debates e a aproximação de atores que têm pontos em comum em defesa da superação das desigualdades e, principalmente, no desenvolvimento de cooperação científica e educativa”.
Em seus quase 74 anos, a OEI, que congrega 23 países da América Latina, além de Portugal e Espanha, tem contribuído para a melhoria da Educação, da Ciência e da Cultura na Região. Em 2008, o organismo internacional criou o Observatório Ibero-americano de Ciência, Tecnologia e Sociedade (OCTS), na Argentina, com a missão de desenvolver um programa de estudos estratégicos que investigue as fronteiras da ciência e as demandas sociais dos povos da Região.