Últimas notícias sobre a desigualdade de género na ciência ibero-americana
![XIV Congreso Iberoamericano Ciencia, Tecnología y Género](https://oei.int/wp-content/uploads/2023/02/adobestock-141801027.jpeg)
Percentual de mulheres formadas nas áreas de TIC cai de 25% para 19% em uma década, segundo dados da OEI.
No dia 11 de fevereiro, data em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, a Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI) alerta para o declínio geral na região de mulheres formadas em cursos STEM, especialmente os relacionados às tecnologias da informação e comunicação (TIC). Em uma década – de 2013 a 2022 – a população feminina passou de 25% para apenas 19% de todas as pessoas graduadas nessas áreas em nível regional.
Os dados fazem parte da atualização mais recente dos indicadores do Observatório Ibero-Americano da Ciência,Tecnologia e Sociedade da OEI, com sede em Buenos Aires, que todos os anos publica um relatório sobre a situação do ensino superior e ciência na Ibero-América, com base nas informações fornecidas pelos governos da região.
Nesse sentido, os dados mostram que, embora em geral haja evidências de uma participação crescente das mulheres no ensino superior e na pesquisa, persistem lacunas muito acentuadas nessas áreas específicas.
De fato, as mulheres foram a maioria dos graduados universitários na região em 2022, correspondendo a 58% do total de concluintes. Embora as mulheres representassem mais da metade dos formandos em todos os níveis de ensino, sua participação diminui à medida que se avança para o nível de pós-graduação. Assim, em países como Chile, Colômbia, Costa Rica e El Salvador, elas representaram menos de 45% de seus colegas homens no nível de doutorado.
Na área de pesquisa, quatro em cada dez pesquisadores ibero-americanos são mulheres. Na Argentina, no Paraguai e Uruguai, as mulheres representam mais de 50% do total, o que não acontece no México e no Peru, onde sua participação está apenas em torno de 30% do pessoal dedicado à pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Além disso, os dados indicam que as pesquisadoras ibero-americanas se especializam majoritariamente em áreas ligadas às ciências médicas, humanas e sociais e, em menor medida, em projetos de pesquisa ligados às ciências naturais e exatas, ciências agrárias, engenharia e tecnologia.
Incentivar as vocações científicas e a igualdade, questões-chave para a OEI
Com o objetivo de impulsionar a participação e a visibilidade das mulheres na ciência e de enfrentar os desafios globais nesse campo a partir de uma perspectiva mais igualitária, a OEI redobrou seus esforços no desenvolvimento de iniciativas para promover vocações científicas em meninas e jovens mulheres em toda a Ibero-América.
Entre elas, destaca-se o desenvolvimento do projeto ‘Somos Mujeres y Hacemos Ciencia’ que, desde 2023, conseguiu impactar milhares de meninas e adolescentes no Equador por meio de conteúdos audiovisuais baseados em dezenas de entrevistas com mulheres cientistas de destaque em seu país e que, graças a uma parceria com o Ministério da Educação, foram transmitidos em rede nacional de televisão pelo canal Educa.
Devido a seus excelentes resultados nesse país, o projeto atravessou fronteiras e, desde 2024, também é realizado no Peru, exibindo os depoimentos de mulheres cientistas peruanas bem-sucedidas em escolas e cinemas de todo o país.
No Uruguai, a OEI lançou a iniciativa “+Mujer en Ciencia”, que visa incentivar vocações científicas e de pesquisa precocemente entre meninas e adolescentes do país. Centenas de meninas das cidades de Lascano, Minas, oeste de Montevidéu, Rocha e José Pedro Varela, conheceram de perto mulheres cientistas e pesquisadoras uruguaias, que lhes apresentaram opções e oportunidades de estudo em todas as áreas da ciência e pesquisa.
Por outro lado, Energytran, projeto coordenado pela OEI para promover a cooperação científica entre a América Latina e a Europa para uma transição energética limpa e justa, e que faz parte do programa Horizon Europe da União Europeia, tem um forte componente de gênero marcado por um plano de igualdade e um compêndio de recomendações de políticas com foco na perspectiva de gênero, em particular, para ajudar a romper as estruturas tradicionais dos sistemas de energia dominados pelos homens e incentivar uma maior participação feminina. Após um ano de implementação, o projeto será concluído no final de 2025 com um progresso significativo nessa área.
E mais uma vez, este ano a OEI está colaborando na organização do XV Congresso de Ciência, Tecnologia e Gênero, que será realizado em Montevidéu (Uruguai) de 16 a 18 de setembro, para o qual a chamada para submissão de resumos está aberta. Com mais de 20 anos de experiência, esse congresso é hoje um dos mais importantes do gênero no mundo.