El español y el portugués, dos lenguas con mucho por contar: así fue la primera jornada de CILPE 2023
Personalidades como Mário Lúcio, escritor, artista plástico e ex-ministro de Cabo Verde; Pilar del Río, presidente da Fundação José Saramago, assim como experiências de promoção da leitura, e uma palestra em homenagem ao escritor paraguaio Augusto Roa Bastos marcaram o dia.
Tendo em vista a importante contribuição do português e do espanhol no campo da literatura, a 3ª edição da Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE) arrancou esta terça-feira na capital paraguaia com a participação de especialistas e personalidades ibero-americanas no primeiro eixo da conferência intitulado “Somos o que lemos”.
O eixo foi composto por duas sessões e uma conversa que recordou o importante legado do escritor paraguaio Augusto Roa Bastos, cuja literatura, como sublinhado durante o dia, constitui um “reflexo da cultura paraguaia”. A intervenção esteve a cargo de Nadia Czeraniuk, vice-presidente da Fundação Augusto Roa Bastos e reitora da Universidade Autónoma de Encarnación, no Paraguai, juntamente com Germán García da Rosa, director da OEI no país-anfitrião.
O primeiro painel “Ler o mundo: as vozes da literatura” moderado por Raquel Caleya, do Instituto Cervantes, que defendeu “o sentimento de pertença através das línguas”, abordou o legado de figuras importantes da literatura ibero-americana como José Saramago e Fernando Pessoa.
Participaram nesta sessão Pilar del Río, presidente da Fundação José Saramago; Mirta Roa, presidente da Fundação Augusto Roa Bastos, e Mário Lúcio, músico, escritor e ex-ministro da Cultura cabo-verdiano que afirmou que acolher a diversidade pode ser um desafio muito grande para este encontro de línguas, sendo que “Cabo Verde tem muito para ensinar”, referindo-se à próxima edição da CILPE que se realizará em 2025 nesse país. Jerónimo Pizarro, da Universidad de los Andes, na Colômbia, também participou, recordando a influência da censura instituída durante o Estado Novo em Portugal, e em especial na obra de Pessoa, defendendo que “a liberdade é conquistada com a leitura”.
O dia prosseguiu com a revisão de algumas das mais destacadas experiências ibero-americanas de promoção da leitura, entre as quais a iniciativa “Atelier Poético“, que a OEI desenvolve desde 2021 e que procura transferir para os países de língua portuguesa as oficinas de criação poética de autores de língua espanhola e vice-versa. Foi também destacado o programa IBERLECTURA, coordenado a partir da Argentina, que tem promovido espaços de leitura alternativos em eventos importantes como os últimos Congressos de Língua Espanhola nas cidades de Córdoba (Argentina) e Cádiz, em Espanha.
A sessão foi encerrada com a participação de Bruno Souza de Araújo, com o projeto da biblioteca comunitária do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário, que ocupa as ruas com as pessoas que fazem parte delas para “transformá-las com literatura” e Gláucio Ramos Gomes, que apresentou a experiência do “Leia na Esquina”, uma biblioteca itinerante que está a ser colocada em prática no Brasil. Segundo Ramos, o objetivo da biblioteca é democratizar a leitura e contribuir para a luta contra a desigualdade de género e discursos sexistas, bem como para a interacção da literatura com o espaço social dos leitores.
A conferência continua amanhã com mesas redondas sobre os desafios que se colocam às línguas espanhola e portuguesa em áreas como a educação intercultural e plurilingue em regiões onde ambas as línguas têm contacto com outros idiomas, bem como sobre a forma de enfrentar os seus desafios para reforçar a sua posição como línguas globais de comunicação.