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Área Educação e FP
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Rumo à literacia digital na Ibero-América

Hacia la alfabetización digital en Iberoamérica

No Dia Internacional da Literacia, hoje, 8 de setembro, a OEI recorda a importância da literacia digital, uma componente essencial das chamadas competências para o século XXI. A pandemia criou uma enorme clivagem digital e um desafio para a literacia digital na Ibero-América, onde cerca de 180 milhões de crianças foram forçadas a frequentar o ensino à distância numa região onde apenas 60% das casas têm acesso à Internet.

Cada vez mais, o conceito de literacia começa a ser entendido não só como a capacidade de saber ler e escrever, mas, em consonância com a rápida digitalização da sociedade contemporânea, passou também a incorporar significados ligados ao domínio das competências básicas nos sistemas tecnológicos e de comunicação, conhecidas como literacia digital.  Como parte da celebração do Dia Internacional da Literacia, estabelecido em 1967 pela UNESCO, desde 2017 que o campo da literacia digital tem sido alvo de análise e debate para aumentar a consciência da necessidade de promover as competências digitais nas crianças e jovens para os preparar adequadamente para as exigências do mundo de hoje. O tema deste ano é “Literacia para uma recuperação centrada no ser humano: Reduzir a desigualdade digital”.

Na Ibero-América, durante o confinamento pela COVID-19, o encerramento massivo de escolas e a implementação de sistemas de ensino completamente à distância realçaram a existência de uma profunda clivagem digital na região. O relatório Regresso ao ensino presencial num contexto pós-pandémico na Ibero-América: progressos, reflexões e recomendações da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) estima que 42 milhões de casas na região não têm acesso à Internet.

Neste contexto, a OEI, desde a aprovação do seu Programa-Orçamento 2021-2022, tem-se concentrado na implementação de um programa regional sobre educação e transformação digital, com o objetivo de avançar para a construção de um modelo de educação híbrido que envolva uma utilização mais eficaz das possibilidades de aprendizagem oferecidas pelas ferramentas digitais. O programa procura também identificar e selecionar as áreas geográficas onde foram detetadas as maiores necessidades de conectividade, de acordo com o Objetivo 4 da Agenda 2030 sobre Educação de Qualidade para todos, que destaca a literacia digital.

Segundo Tamara Díaz Fouz, Diretora da área de Educação da OEI, a literacia digital é um desafio global e um dos desafios centrais que enfrentamos atualmente na região. “Deve ser e está a ser uma questão prioritária nas políticas públicas dos países e deve ter uma orientação clara ao longo da vida, com estratégias que deem prioridade à colaboração e ao estabelecimento de parcerias, por exemplo, público-privadas”, explica. 

Quais são os desafios para a Ibero-América?

Para Díaz Fouz, a região enfrenta dois desafios principais: aumentar a inclusão e desenvolver um verdadeiro modelo híbrido de educação. No primeiro caso, explica que “quando falamos de inclusão, não estamos apenas a falar de garantir que as crianças mais pequenas adquiram as competências necessárias para se desenvolverem neste ambiente digitalizado, estamos também a referir adultos que, tendo já passado pela educação formal, têm de se “re-alfabetizar”, ou seja, adquirir as competências e capacidades necessárias para poderem atuar na sua vida quotidiana, em contextos cada vez mais interligados e digitalizados”. Isto coloca em primeiro plano “a necessidade de educar e formar uma nova cidadania digital“, afirma.

Por outro lado, a implementação urgente de um modelo híbrido na região “implica avançar para sistemas educativos mais flexíveis que identifiquem a aprendizagem essencial que a educação formal deve garantir (competências), entre as quais se destacam as competências digitais”, alerta. Requer também professores bem formados e atualizados, infraestruturas e ferramentas, recursos, currículos e metodologias revistos. Em suma, conclui que “implica uma revisão do sistema e, por conseguinte, exige a participação e corresponsabilidade de um vasto leque de atores e instituições”.

Conhecimento em torno da literacia digital

Um dos focos de trabalho da OEI na área da literacia digital é apoiar o reforço dos sistemas educativos nacionais através da produção de novos conhecimentos, num contexto em que a digitalização e a conectividade são essenciais.

Neste sentido, o estudo “Fatores determinantes na utilização das tecnologias da informação e da comunicação (TIC)”, realizado no Paraguai, analisa as condições para a incorporação das TIC nos centros educativos e casas do país como ferramenta de apoio no processo de ensino e aprendizagem, deixando, além disso, um modelo metodológico que pode ser replicado noutros países da região.

Por sua vez, o estudo “Ferramentas didáticas para o ensino à distância”, realizado no México, revê os modelos ou soluções para o ensino à distância para mostrar o seu alcance e limitações. O documento oferece uma visão geral que permite aos professores abordar os problemas de aprendizagem dos seus alunos, considerando as suas necessidades, contextos e problemas derivados desta modalidade. 

No livro “Bandeiras para a transformação. Oito eixos prioritários para transformar o ensino secundário”, realizado na Argentina, destaca-se a incorporação das tecnologias da informação e da comunicação nos processos de ensino-aprendizagem como um eixo fundamental para a sua transformação. O texto alerta para que, embora tenha havido progressos significativos em termos de adesão de diferentes atores (diretores, professores e membros de equipas técnicas) às políticas de integração das TIC nas escolas, existem ainda questões sobre a forma de conseguir um acesso sustentável às TIC. 

Assim, a OEI procura orientar os seus esforços para acompanhar este processo de transformação digital necessário na Ibero-América com uma estratégia de avaliação e monitorização desde o início, que permita identificar um ponto de partida e monitorizar o progresso, reorientar as ações durante o processo e analisar os impactos a médio e longo prazo.